domingo, 27 de dezembro de 2009

xxx Amsterdam xxx

Personagens principais: Ariana (prima), Carlos (primo torto), Charles (namorado da prima), Isaías (amigo do primo torto), Octávio (amigo músico/cantor/poeta), Carlao (amigo do Octávio), Luiz (brasileiro encontrado sozinho no hostel), Leo (amigo 'de infância'), Hugo (amigo do Leo), e vários outros que nao lembro mais o nome (péssima memória), principalmente os parentes de consideracao da Ariana.

prima Ariana, eu e 'primo' Carlos, anfitrioes

Charles, eu e Ariana, anfitrioes

Medo, família, lambada e patins no gelo

Nao é breguice minha, os 3 x's do título sao símbolos estampados na bandeira de Amsterdam, onde passei 5 dias, incluindo o Natal, o primeiro longe da família (vó, vô, tios, pai, mae e afins).
Depois de 12 horas viajando de ônibus, de Munique à Amsterdam (escala em Frankfurt, uma hr debaixo de neve pesada esperando o outro ônibus, de madrugada), cheguei na rodoviária e vi tudo, menos holandeses. Amsterdam é, à primeira vista, uma cidade sem identidade. Uma mescla de povos de todos os tipos e lugares. Mulheres de burca, africanos, marroquinos, emos, punks, pessoas vestidas de fadinha (isso mesmo, de fadinha...), pessoas aparentemente normais (o que é mais raro..). Estava esperando a minha prima e anfitria, Ariana, e me sentindo tensa. Estava com meu mochilao e meu notebook na bolsa, e nao senti a seguranca que sentia nas cidades alemas. O relógio da estacao estava quebrado, consequencia clara de uma pedrada. As pessoas passavam encarando, e eu quis correr pra dentro do ônibus de novo. Mas aí minha prima chegou, pegamos o metrô e depois um bondinho que eles chamam de 'Tram' e chegamos na casa dela, em um bairro residencial chamado Amsterdam Noord. Me senti segura. Tomei um banho e dormi por algumas horas. À noite recebi a proposta do meu 'primo' Carlos (irmao da Ariana por parte de mae, e eu sou prima por parte de pai, ou seja, ele nao é primo, mas é como se fosse), de ir patinar no gelo! Topei! As ruas estavam cobertas de neve e estava frio, mas o que sao -2°C pra quem pegou -12°C em Praga? Já estou habituada e nao tive problemas.
Pegamos a balsa, que faz a travessia do canal de graca, até a Central Station, de onde você pode pegar ônibus e Tram's pra todas as demais partes da cidade. Nao se esqueca de passar o seu bilhetinho na máquina quando entrar e sair do tram ou do ônibus: eles cobram por quilômetro rodado, e se você nao passa na saída, lá se vao 4 euros embora.
A profusao de pessoas de todos os jeitos e provenientes de todos os lugares continuava saltando aos olhos, assim como a quantidade de luzes, de lojas e de restaurantes de várias nacionalidades também. Fiquei observando tudo do Tram, até pararmos na Leidzen Plein, onde uma pista pequenininha de patins no gelo me esperava. 4,50€ o aluguel dos patins, sem limite de tempo. As patinadas que eu dava na infância na pista de gelo do Flamboyant me serviram para algo: nao levei nenhum tombo!

Patinando no gelo

Claro que nao rolou um espetáculo à lá Holyday on Ice, mas me saí muito bem! Nem precisei ficar me apoiando em cadeiras e afins. Andamos até os pés doerem. A Ariana e o namorado, o Charles, queriam ir embora, eu e o Carlos ficamos pra ele me mostrar mais o centro da cidade. Andamos a noite, tranquilamente. Ele só recomendou que, caso um grupo de pessoas (principalmente marroquinos, que sao os 'malas' da cidade) ficar encarando, é pra eu baixar o olho e passar reto, porque eles procuram encrenca de graca. E isso é mesmo verdade. Logo a frente encontramos um grupo de marroquinos querendo bater em um rapaz...
Passamos reto, a policia já estava chegando com os seus casacos amarelo fosforescente nada discretos.
Fomos à Rembrandt Plein, uma praca cheia de pubs e boates.

Eu e o Rembrandt na praca dele

A mais famosa, a Escape, é uma das poucas em que temos que pagar para entrar. Entramos em um pub/boate pequeno, chamado Prime. Nao pagamos, mas a bebida é cara, além de nao terem cardápio e cobrarem 50 cents para usar o banheiro. Tomei uma taca de vinho e dancei um pouco, observando as meninas novinhas dancando em cima de um palquinho estratégicamente posicionado na pista de danca para as mocinhas (e mocinhos também) mais afoitos. Aí comecou a tocar 'choooooorando se foi quem um dia só me fez choraaaar!', ritmo de lambada. Eu nao acreditava que estava em um Pub, em Amsterdam, ouvindo aquilo! Haha! Peguei o 'primo' e dancamos à brasileira, e todo mundo do pub (que nao estava muito cheio), parou pra observar.
Depois do showzinho latino, fiquei com vergonha e fomos embora pra casa, conversando sobre um dos temas que mais afligem os humanos.. esse tal de amor. Conversar sobre isso em uma balsa em Amsterdam tem seu charme!

Desencontros, reencontros e tradicoes

No dia seguinte, encontraria o Octávio Scapin, amigo cantor, e o Carlos, amigo do Octávio. Depois de um desencontro internético que fez os meninos me esperarem duas horas em vao na Central Station, finalmente nos encontramos na frente do Museu Van Gogh.

Entrada do Museu Van Gogh

Daí eu e o Octávio fomos pra uma pista de patinacao maior do que a que eu tinha patinado na noite anterior, de frente pra um monumento onde se lê 'I amsterdam'.

I amsterdam

Tudo isso fica na Museum Plein, a praca dos museus. O Carlos estava patinando quando chegamos, fui apresentada pra outras 3 brasileiras estudantes de medicina, e entramos no RijkMuseum.
Eu, Octávio e o Rijkmuseum

Até agora nao sei qual é a proposta do museu. Sei que paguei 11€ pra ficar conversando sem parar com o Octávio lá dentro. É o efeito de ficarmos quase 10 meses sem nos ver. E tomei uma decisao pra minha vida: museu, só se for muito famoso ou temático. Museu de obra de arte, de quadros e afins, desculpem-me os amantes de cultura em geral, mas me deixa entediada. Preguica. Ganharíamos mais se tivéssemos ido a um café.
Saímos do museu e fomos dar um tempo no Hostel dos meninos (chama Stayok, perto do Vondelpark) onde conhecemos um brasileiro, o Luiz, 31 anos, que se juntou à trupe pra passear pela noite de Amsterdam.

Vondelpark no inverno, dizem que no verao as coisas esquentam (mesmo) por alí

Entramos em um dos famosos (e vários) Coffe Shops da cidade e o que se faz em Amsterdam, fica em Amsterdam... Comemos em uma pizzaria onde o garcom nao era lá muito amigável (e a pizza nao era lá essas coisas), demos uma voltinha na praca dos pubs e depois os meninos me levaram pra casa, de balsa e a pé, pra economizar no transporte: o ônibus noturno é 3,50€. Me despedi deles, que iriam pra Brighton na manha seguinte. Nos encontraríamos em 3 dias.
Cheguei pisando em ovos pra nao acordar a prima, e com vergonha por ter passado o dia todo na rua sem ela.

Natal, Luz Vermelha e vacas

Aí chegou a véspera de Natal (lê-se dia 24). O programa seria jantar com a Ariana, o Carlos e o Charles (namorado da Ariana) na casa de uma tia de consideracao dela. Mas antes disso, recebo uma surpresa por email: um amigo muito querido desejava feliz Natal e feliz Ano Novo a todas as pessoas que ele considerava especiais (gostei muito de saber que isso me inlcuía) e anunciava que passaria o Natal em Amsterdam! Respondi animada que eu estava por lá, e que poderíamos nos encontrar. Marcamos de frente para o I amsterdam da Museum Plein e, depois de esperar um bom bocadinho (seria agora a minha vez de esperar, depois de ter feito involuntariamente o Octávio e o Carlos me esperarem no dia anterior?) vi o Leo. Dei um leve susto nele proposital e fomos passearpela cidade.

Em um dos inúmeros canais de Amsterdam

Leo versao 'rato do deserto'; ele nao curte fotos

Decidimos ir na Red Light, a Luz Vermelha, aonde ficam expostas em vitrines as famosas prostitutas holandesas.
Era de dia, portanto nao tinham tantos traficantes como meu primo havia dito que teria, e nem tantas mulheres nas vitrines. Mas tinham algumas. É algo um tanto bizarro. Nao sei se aquelas mulheres vestidas de lingerie, expostas daquela maneira conseguem excitar alguém. O Leo disse que nao, o Octávio havia me relatado que nao também. Mas vai saber.. Você vai andando e elas ficam batendo no vidro, tentando chamar a atencao. Tem uma cama atrás delas. Funciona assim: voce escolhe, entra no quartinho, fecham as cortinas, tchanananan, paga e tchau. É bizarro. Ouvi boatos de que elas sao bem higienicas e mandam os clientes lavar as maos primeiro. Eu reparei mesmo em pias e álcool em gel em cima delas. Nao é de bom tom tirar fotos na regiao, entao nao me atrevi. Vi umas 6 mulheres, das quais só uma era bonita. Vi uma sentada de pernas abertas comendo arroz em uma vasilha de plástico, nada atraente. Vi uma senhora já com seus 60 ou mais de baby doll de oncinha falando (ou fingindo), no celular. A bonita era uma loira com seios levemente grandes, bem estilo americana. É bizarro. Mas o mais bizarro foi a vaca no meio da rua.

Vaca holandesa (na Holanda) no meio da Red Light

Literalmente, uma vaca holandesa estava sendo guiada no meio da Red Light por um cara, atrás dele e da vaca um rapaz segurava um cartaz, e eu nao entendi do que se tratava, porque holandês é parecido com alemao, mas nao é a mesma coisa. Uma coisa surreal. A pobre vaca ia passando, as mulheres ficavam rindo dentro de suas vitrines, até que um policial do colete fosforescente parou o cidadao e a vaca, que, parecendo nervosa, nao parava de mugir. Disso eu pude tirar foto, e também dos cisnes nadando no canal.

Cisnes na Red Light

Ah, no páreo de bizarrices, a possibilidade de assistir a um strip tease ou a sexo ao vivo por 2€ o minuto em locais com letreiros enormes e fotos insinuantes, em plena luz do dia, bem explícito mesmo.
Anoiteceu (4 da tarde, o tal do inverno europeu...) e fomos a um Irish Pub pra sentar, nos esquentar e conversar potoca. Aí voltei pra casa, me arrumei e fomos pro Natal. Foi uma experiência bem interessante, apesar de eu nao estar muito no clima (como disse, 1° Natal longe de pai, mae, vô, vó...). A tia da Ariana é uma mineira casada com um holandês. As outras pessoas que estavam por lá eram todos brasileiros ou holandeses, casados uns com os outros. Ouvi criancas falando holandês e português, ouvi perguntas em português e respostas em holandês, e vice versa, uma babel completa. Mas gostei da diversidade.

Eu, Ariana, a Fanta e a prima da Ariana, meio brasileira meio holandesa

E definitivamente, holandês soa muito feio, uma coisa meio travada, parece alemao engasgado.. mas como é uma língua próxima do alemao, talvez eu me aventure e tente aprender mais pra frente... Além da diversidade cultural ali presente, gostei também do feijao tropeiro e do frango assado, que comi bastante. Pra beber, energético, que é absurdamente barato aqui na Europa. Voltamos de carona pra casa.

Papos cabeca e gournet

No dia 25 ia rolar a ressaca do Natal, com um tal de Gournet (nao sei se escreve assim). Eu poderia me encontrar com o Leo e o amigo dele, o Hugo, até às 5. Encontrei os garotos no centro e fomos a um café, nao tinha muita coisa aberta. Ali conversamos sobre assuntos complexos como linguagem, interpretacao, pessoas, animais, pessoas-animais e jeitos de viajar. Os meninos estavam viajando há um mês pela Europa, pegando carona de cidade em cidade, ficando geralmente em couchs e gastando pouquíssimo. Tinham dado uma volta na Bélgica e estavam fazendo isso na Holanda. Depois iriam pra Alemanha. Deve ser uma experiencia muito legal, mas um tanto arriscada para uma menina fazer, principalmente se estiver viajando sozinha, como era o meu caso. Fomos depois pra uma igreja católica onde ia rolar um rango gratuito pra comunidade (e os meninos iam se infiltrar ali, por conselho do cara que os estava recebendo). Entrei, conversei com um senhor muito simpático que queria que eu o entrevistasse depois que eu revelei ser estudante de Jornalismo, mas infelizmente nao tive tempo. Fui encontrar minha prima no ponto de ônibus para irmos ao tal do Gournet. Já explico: churrasco self made. Tem uma chapa no meio da mesa, os pedacos de carne já cortados e temperados, queijos, tomates, patês e paes. Você mesmo escolhe o que vai comer, e coloca a sua carne na chapa, junto com o que mais você quiser. Já tinha feito isso uma vez no falecido Adega aí em Goiânia. É muito bacana. Comi pra caramba. À noite fomos pra cidade, eu, o primo, o Isaías, amigo do primo, e a Ariana. A idéia era dancar. Entramos em um pub chamado Pirata, mulheres nao pagam, mas o cigarro era liberado e nao ficamos muito tempo lá dentro por falta de ar. Fomos procuratr outro lugar e, no caminho, um dos brasileiros que encontramos nesse pub, amigo do primo, levou um super tombo na neve derretendo. Ai minha bunda. Acabamos entrando logo no Prime, o mesmo pub que eu já tinha ido antes. Dancei bastante, mas estava cansada e voltamos pra casa de ônibus noturno às 3. Perto do ponto de ônibus, um mictório ao ar livre. Interessante. (Mas nao deve ser muito interessante para o órgao fazedor de xixi masculino no frio do inverno de Amsterdam...)

Mictório masculino ao ar livre e um rapaz em acao.. coitado

Dia de ir embora

Ah nao, nao quero ir embora. Foi o que eu pensei quando acordei. O plano era fazer um cruzeiro de uma hora pelos canais de Amsterdam, me despedir do Leo e do Hugo e pegar o ônibus às 10:30 da noite rumo à Londres. A Ariana decidiu ir fazer o cruzeiro comigo. Já era quase 3 da tarde e já já ia escurecer, mas pegamos o barquinho a tempo, depois de pagar 12€ que compensaram bastante.
Amsterdam vista de dentro de um barco nos canais

O mais interessante foi observar a rotina nas casas-barco. Existem várias delas ancoradas nos canais de Amsterdam, com janelonas de vidro que possibilitam a visao dos turistas que estao no cruzeiro. Vi senhoras fazendo crochê, pessoas cozinhando, prateleiras e mais prateleiras de livros (quase todos os barquinhos tinham uma prateleira lotada de livros), gente vendo TV, gente olhando pra janela e dando tchau pro barquinho do cruzeiro.

Vista do cruzeiro de uma casa-barco nos canais de Amsterdam

Deve ser um charme morar em um barco em um canal de Amsterdam. É uma hipótese a ser considerada no futuro. A narracao dos locais em que estavamos passando meio que dá nos nervos. Primeiro em holandes, depois em inglês, depois italiano, depois alemao, depois espanhol.. grrr.. irritante. Mas gostei de perceber que estava entendendo e muito bem a narracao em alemao!
Depois do cruzeiro, encontramos o Leo e o Hugo no ponto de ônibus e fomos jantar em um restaurante argentino sugerido pela Ariana. Tudo muito bom, tudo muito bem, até que rola um diálogo meio complexo:
- Gente, o que vocês fariam se vissem um rato aqui no restaurante? - perguntou Ariana sutilmente.
- Eu contaria pra vocês - retrucou o Hugo
- Entao tem um rato aqui
- Aonde? - perguntei em pânico
- Na parede do seu lado - respondeu a Ariana
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah - gritei.
Gritei e saí pisando em cima do Leonardo, coitado, apavorada! O rato estava a no máximo 10 centimetros de distância de mim, descendo exatamente a parede na qual eu estava escorada. Ainda tive tempo de ver indo rumo ao meu casaco. Me apavorei. O gerente do restaurante teve a cara de pau de pedir desculpas e dizer, rindo, que o gato que eles mantém lá para controlar os ratos nao estava dando conta do recado. Argh. Troquei de lugar com o Leonardo, nao consegui comer muito mais e fomos embora. Me despedi dos meninos, fui pra casa, arrumei as malas e 10:30 tinha me despedido da prima, do primo, do Charles, do Isaías e de Amsterdam, que agora já nao me causava medo, mas sim figurava na minha cabeca como um dos lugares mais curiosos que já visitei na minha vida. Pretendo voltar, pra saciar (ou tentar) essa curiosidade que só fez crescer durante os dias em que estive por lá.

Ah, tem o coelho da Ariana também, que parece um poodle acoelhado! Até um coelho é algo diferente em Amsterdam!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Me roguem Praga, eu deixo!!

Às 9 da manha estava pronta. O Ygor me buscou com o corsinha que alugamos , pegamos a Vivien e a Helena e fomos, 4 brasileiros, rumo à Praga, capital da República Tcheca! Pegamos a autobahn alema (rodovia), sem limite de velocidade, e quanto mais chegávamos perto do nosso destino, mais a paisagem ficava branca. Foi a primeira vez que eu vi neve acumulada. O termômetro do carro pulou de - 6,5 para -10,5 °C durante o trajeto. Quanto mais perto chegávamos, mais aumentava o frio. No caminho fomos comendo jujubas alemas de cereja, ao som de clássicos como California Dreams ou Wannabe (Spice Girls). James Blunt, Brazilian Girls, Justin Timberlake e uma cantora francesa que tem uma música 'echt erotische', cujo sobrenome é Simon, mas o nome eu nao lembro. Mas o que marcou mesmo foi MGMT. Viciei. E a imagem que ficou do caminho foram as paisagens brancas e os pinheiros, ao som de Time to Pretend ou Kids.



Fronteira Alemanha - República Tcheca

O líquido azul que a gente esguixa pra limpar o vidro na neve faz , na verdade, o vidro ficar mais embacado. Depois de cruzarmos a fronteira, o sol surgiu, mas só pro dia ficar mais bonito, porque o termômetro do carro marcava -10°C.
Trocamos o dinheiro em um posto de trocas pouco depois de fronteira e me senti rica. Troquei 60 euros e recebi 1464 CZK (coroas). Aproveitamos pra ir no banheiro, que era pago. 10 CZK por pessoa, mas brasileiras que somos, eu e a Helena colocamos uma moedinha e nos esprememos na catraca para pagar uma vez só.
Antes de ir embora, um lanche rápido. Cachorro quente com mostarda, muita mostarda. 21 CZK. Menos de 1€. É estranho olhar um pacote de Pringles e ler ’56,00’. Parece os tempos de Cruzeiros… (não que eu me lembre muito deles, mas deve ter sido algo do tipo).
Chegamos em Praga, paramos o carro perto do Castelo e descemos naquele amontoado de neve! O Castelo fica no alto de um morro, de onde a gente pode ver toda a cidade. Aquele amontoado de casinhas com os telhados cobertos de neve, parecendo chantilly. Lindo.
Entramos no castelo, depois de passarmos pelos guardinhas, aqueles mesmo que ficam estáticos com aquelas roupas engracadas. Constatamos que é, nesse frio, o pior emprego do mundo. Visitamos a igreja que fica dentro do castelo, muito linda. Segundo a Vivien, no verao existem filas imensas e você mal consegue andar na cidade. Agradeci por ter ido no inverno, apesar do frio de matar.
Aí o amigo tcheco do Ygor chegou e ajudou a gente a achar o nosso hostel. No caminho reparei nas placas e percebi: alemao é fichinha. Como que as pessoas pronunciam esse tanto de consoante, e acentos em consoantes, e etc?
Achamos o Hostel. Muito bem localizado, segundo o rapaz. Um bondinho passa bem na porta. Dá pra ir pra todos os lugares com transporte público por ali. Alugamos um quarto para 3 pessoas, banheiro próprio, e saiu por 11 euros a noite pra cada. Muito barato. A parte de fora do Hostel é meio macabra, mas dentro o apê é muito bom!
O Ygor foi embora pro interior da República Tcheca e ficamos eu, Helena e Vivien. Estávamos com fome e fomos procurar um restaurante nas redondezas. Entramos no primeiro que vimos, um bem típico tcheco mesmo, porque nao estávamos na parte turística da cidade.


Cartaz de uma das bebidas alcoólicas fortíssimas da cidade, onde vendem também absinto 75% e vodka com sementes de maconha. Praga é o paraíso dos amantes de destilados fortes.

Nao tinha menu em inglês. Só tcheco. Não entendia nenhuma palavra, a não ser alguns cognatos como Spinàt, que quer dizer espinafre. Fumar era permitido dentro do restaurante. Escolhi um prato de 90 CZK, algo em torno de 4€. Escolhi porque a Vivien disse que tinha carne, e porque tinha ‘Portugal’ no nome. Mas foi um super tiro no escuro. Uma aventura pedir comida sem saber do que se trata. Com a bebida fui mais convencional. Uma Coca 300 ml, por favor. O garcom não falava muito inglês, nem alemão, o que não facilitou as coisas, e como não tínhamos nem ideia de como pronunciar o nome dos pratos, fizemos tudo na base do apontar os dedos e da mímica. Um tempo depois chegou um prato com arroz, uma folha de alface, uma rodela minúscula de tomate e um tantao de carne ao molho com muita cebola (argh) e pimenta. Algo parecido com Strogonoff. Bom que não foi tão estranho assim… Depois voltamos pro Hostel. Estava muito frio, nao tinha quase ninguém na rua. Às 5 da tarde estava bem escuro, e a impressao era de que já era meia noite, tanto que fomos dormir às 7, porque a recepcionista do Hostel nao estava lá pra nos ajudar a entender o esquema do trânsito na cidade.

Cara de quem está congelando a mao pra tirar foto

No sábado acordamos 7:30. Compramos pao e queijo pra tomar café no hostel mesmo e fomos pegar o metrô em direcao ao centro histórico de Praga, onde faríamos um tour de graca (gorjetas sao bem vindas). Um rapaz da Nova Zelândia nos esperava com uma sombrinha azul escrito free tour. Mas ressaltou a questao das gorjetas, claro. Fomos andar por Praga. Passamos pelo relógio astronômico, pelas igrejas, pelos cafés, pelo rio Vltava, pelo museu do Kakfa, pelo museu do Sexo.. esse merece um comentário à parte.

A torre da direita é mais grossa que a da esquerda: uma representa Adao e outra Eva.


Relógio astronômico, construído quando ainda achavam que a Terra era o centro do Universo


Turistas aos montes e japoneses paranóicos com máscaras

Vimos o panfleto no Hostel. Sex Machine Museum. Eu e a Vivien fomos, a Helena nao quis ir. No museu, aparatos de masturbacao de séculos passados, muuuito bizarros! Em um cineminha, revesavam a apresentacao de dois filmes pornôs filmados em 1925 a pedido do rei da Espanha 'para se distrair nas noites chuvosas e entediantes'. Muito engracado! A mulher bem gordinha, com o bumbum enoorme, todo cheio de celulites, seria O escândalo pros padroes de beleza hoje em dia! Eu e a Vivien rimos um pouco de tudo, nos surpreendemos com algumas outras coisas e saímos pra encontrar a Helena lá fora. (O museu tem site, digita Sex Machine Museum Prag no Google!) Depois ainda demos mais uma volta, compramos algumas coisinhas (Praga é tudo muito barato, e tudo muito bonito, preparem o bolso se forem pra lá) e voltamos pro Hostel. Descansamos um pouco e depois fomos comer em um pub perto do hostel mesmo. Nesse tinha menu em inglês, entao o tiro nao foi tao no escuro assim. Pelo equivalente a 4 euros eu comi um super master bife de frango empanado, com batatas fritas e salada. Tomei coca de novo porque suco de fruto é coisa que nao existe lá.
No domingo visitamos a torre de TV. Fomos de bondinho, que é bem melhor que metrô pra quem quer realmente ver a cidade. Lá de cima da torre dá pra ver vários ângulos da cidade, que é, definitivamente, a cidade mais linda que eu já visitei na vida! De lá fomos no cemitério judeu, onde o Kafka está enterrado, assim como várias outras pessoas, muitos alemaes, que morreram na 2° guerra ou antes dela. A maioria dos túmulos era de pessoas que faleceram no início do século passado..
Depois voltamos pro shopping perto do Hostel, fizemos umas comprinhas e fomos esperar o Ygor nos buscar pra voltarmos pra casa.
Muita neve no caminho de volta. Muito MGMT no som do carro. A neve caindo à noite na estrada parecem flocos de cristal em direcao ao carro. Tao lindo quanto perigoso. Eu estava travada, de encantamento e de medo. Definitivamente nao é pra mim essa coisa de dirigir na neve.
Mas chegamos saos e salvos em Eichstätt, depois de uma leve derrapadinha em uma das estradinhas regionais. Eichstätt estava toda coberta de neve, linda linda. Uma cidade de bonecas coberta de neve. Nao dá pra explicar!
Eu voltei de Praga com algumas conclusoes: falar tcheco é fod*, quem gosta de bebiodas destiladas fortes precisa visitar a República Tcheca, onde essas bebidas sao baratas e legais, Praga é LINDA e muito BARATA (em relacao às outras capitais turísticas da Europa), frio dói, e eu preciso voltar lá no verao, pra ter mais ânimo de sair à noite e badalar mais por lá!
Por favor, roguem-me Praga pra que isso possa de fato acontecer!

ps: pra variar, acabou a bateria da minha máquina, tirei muitas fotos com a máquina da Vivien e vou pegar depois, por isso ainda nao tem foto da ponte, a parte mais linda de Praga.
ps²: Estou postando de Amsterdam, onde cheguei hoje de manha depois de viajar algumas longas 12 horas de ônibus, o que merece outro post, mas nessa loucura de viagens, nao posso garantir!
Feliz Natal e Feliz Ano Novo a todos, caso eu nao volte aqui antes!!