segunda-feira, 27 de junho de 2011

Logística Reversa

Dia desses, zapiando pela TV, vi um dos muitos comerciais da Coca Cola. Ele tratava principalmente do caráter sustentável da empresa, que recebia de volta garrafas de vidro e Pets para reciclagem. Procurei o vídeo na internet mas não achei. O importante é que isso me lembrou uma coisa da Alemanha sobre a qual eu sempre quis falar aqui, mas sempre deixava pra depois. A cultura da reciclagem é bastante difundida por lá, algo já estabelecido. Além da coleta seletiva rigorosa (levei sabão por separar lixo no tonel errado, no início do intercâmbio), eles têm em quase todos os supermercados máquinas como essa, de devolução de garrafas.


Funciona assim: quando você compra uma garrafa de qualquer coisa, vem na etiqueta do supermercado o valor do produto + alguns cents, que você deve pagar pela garrafa (Pfand). Dependendo do tipo de garrafa, o valor varia entre 10 e 35 centavos de euro. Aí você leva pra casa, consome o produto, vai juntando as garrafas em casa e, quando acumular, leva tudo no supermercado e coloca nessas máquinas, uma por uma. Elas vão recebendo as garrafas, contabilizando e, no final, você recebe um ticket com o valor total das devoluções.

Daí tem duas opções: ou o ticket é usado para complementar possíveis compras ali mesmo ou você passa no caixa e retira o valor em dinheiro. Detalhe: você não precisa necessariamente devolver a garrafa no local onde ela foi comprada. No início achava estranho e pensava que, dessa forma, as redes de supermercado sairiam no prejuízo. Mas elas também recebem o valor que desembolsaram, no momento em que as empresas vão buscar as garrafas. Bacana, não?
Aqui no Brasil, a Lei Nacional dos Resíduos Sólidos, de agosto do ano passado, versa sobre a chamada logística reversa: a empresa deve ser responsável pelos resíduos que produz, recolhendo-os e destinando-os para reciclagem. O prazo para as adequaçoes vence no ano que vem, mas vejo poucas empresas se mexendo em relação a isso.
Será que vai ser mais uma lei muito bem escrita, porém não posta em prática?



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Diário digestivo de viagem

“Minhas memórias de viagens sempre passam pelos lugares onde comi. Se você me perguntar como é a Grécia, por exemplo, vou começar te contando de uma salada verde...” - esse é um trecho de uma entrevista que a jornalista Renata Vasconcelos, apresentadora do Bom dia Brasil, concedeu à revista TPM.
Quando li, lembrei automaticamente das comidas que ficaram na memória dos lugares por onde passei durante meu ano de intercambista na Europa. Decidi fazer uma listinha das comidas memoráveis.

Alemanha

Vamos começar do começo mesmo, já que meu intercâmbio foi lá.
A comida memorável da Alemanha foi: macarrão com molho pronto de bolognesa.
Isso mesmo que você leu. Era disparada a comida que mais consumi nos meus 11 meses de intercâmbio, isso porque era prático, barato e não tinha erro. Então, era perfeita pra mim!
Quando queria variar, arriscava cozinhar umas batatas, ovos (raramente, porque eram caros) e salsichas alemãs ou carne moída de porco (que é a mais barata e mais consumida do país). Nos dois últimos casos, fazia na frigideira. Virava uma "carne moída frita", mas até que era gostoso. O arroz, quando eu comia, era parbolizado, que vem em saquinhos.
É, dos itens citados só a salsicha caracteriza a Alemanha mesmo. Ainda tem as cenouras, que eu comia inteiras e cruas, as pringles e as nutellas, das quais já falei aqui.
Mas se for pra eleger um prato típico de turista que ficou na memória, vou escolher um bem regional, da Baviera: salsichas brancas cozidas com um pãozinho salgado chamado "bretzel", com mostarda alemã (odeio a mostarda daqui, mas a de lá é Ó-TE-MA!) e o toque final: CERVEJA. E isso é o tradicional café da manha da Baviera. Lass dir schmecken! (bom apetite). O melhor de tudo: dá pra comer essa delícia aqui em Gyn mesmo, no Naturbier. Pede Weisswurst, já vem a mostarda e o chopp alemão. Só fica faltando o bretzel mesmo.




República Tcheca

O primeiro país que visitei depois da Alemanha (uma horinha no aeroporto de Roma não conta, ?). Infelizmente fiquei só um fim de semana por lá. Por isso não tive tempo de experimentar muita coisa. Me lembro, no entanto, do dia que saí do hostel com as duas amigas que me acompanharam na viagem. Foi no dia que chegamos, já a noite, tava um frio do caramba (-12°C) e saímos pra jantar, a pé mesmo. Não estávamos em uma região muito central de Praga, mas estávamos perto do metrô. No entanto, não nos arriscamos a pegá-lo de noite, logo no primeiro dia, então procuramos um restaurante ali mesmo. Entramos em um local fechado, onde era permitido fumar (quase tudo é permitido na República Tcheca) e, apesar de ter ficado incomodada, a fome falou mais alto. Ninguém sabia falar inglês no restaurante e nenhuma das três sabia falar tcheco. Tentamos falar alemão, mas não adiantou muito. O jeito foi pegar o cardápio (que não tinha legendas em inglês, pelo fato do bairro não ser turístico) e pedir na sorte.
Uma de nossas amigas era vegetariana (oi Helena) e eu nem lembro como ela se saiu nessa. Só sei que eu dei sorte e acabei pedindo, no escuro, algo parecido com carne de frango e batatas assadas ao redor. Era gostoso.
Nos outros dias comemos basicamente em banquinhas de pão com salsicha ou em coisas como o KFC Fridays, delícia que eu experimentei pela primeira vez lá.
Mas é isso, República Tcheca pra mim tem gosto de frango com batatas assadas.


Inglaterra

Onde passei meu reveillon. A terra do fish and chips (peixe com batata) e eu não comi isso nenhum diazinho sequer. Portanto, não é essa a comida que ficou na minha memória. O que eu nunca vou esquecer da Inglaterra é a LASAGNA que eu comi em uma cantina italiana de Londres. Você pode achar injusto, porque não é típico de lá. Realmente não é um prato típico inglês, mas pode-se afirmar que é típico londrino. Não foi só uma vez que comi em restaurante italiano em Londres. Tem várias cantinas e restaurantes italianos na cidade. Londres é multicultural, tem gente de todo o mundo e comida de todos os jeitos. Mas meu grupo de viagens topou quase sempre com os restaurantes italianos, ma-ra-vi-lho-sos. Lembro também que comi um calzone imeenso. Mas o que ficou na memória foi mesmo a lasagna. Delicious.

Holanda

Lê-se Amsterdam. Foi lá que eu passei o Natal. A ceia foi com uma família que é mistura de holandeses com brasileiros, então tinha muita coisa típica brasileira. O que eu lembro de ter comido em Amsterdam foi um churrasco argentino, que tinha tudo pra ter sido ótimo, não fosse o rato subindo na parede, do meu lado. Hehe.
Então pula pra próxima: em Amsterdam existem umas lanchonetes muito interessantes. Elas se chamam "Febo" e funciona assim: a parede é toda formada por mini forninhos, onde estão à mostra vários tipos de salgados. Você coloca uma moedinha de 1€, a portinha do forninho escolhido vai se destravar, você abre e pega o salgado. Fim. O salgado não é muito grande, então é bom ter mais de uma moedinha disponível. Comi uma espécie de disco de carne, delícia.



Fran
ça

Ui ui, dessa vez a comida escolhida é super típica e o Brasil devia aderir: o pain au chocolat, ou pão com chocolate, é super tradicional na França, está em 99% dos cardápios de café da manha e é uma delicia. O croissant de chocolate é quase a mesma coisa, mas o pain au chocolat é mais "tchan". Nem sempre a massa do pain au chocolat é folhada, mas ainda assim, é uma coisinha gostosa demais. Cheguei a comer uns crépes, mas o pain au chocolat ganhou meu coração.

Áustria

Vale ter passado só um dia em Salzburg, ? Vale sim, hehe. É que é pertinho da fronteira com o sul da Alemanha, ent
ão peguei um trem de manha e voltei de noite. Tem uma feirinha bem bacana em Salzburg, com muitos tipos de comida, e eu optei por um galetinho de frango frito. Bem brasileirão, ? Talvez se tivesse passado mais tempo por lá e me distanciado um pouco da Alemanha, tivesse provado algo diferente. Mas fica pra próxima.


Espanha

Mis amigos, a Espanha é uma delícia, em vários sentidos. Fiquei mais em Barcelona mesmo, e como a grana de estudante intercambista é curta, o que reinou foram os fast foods durante a minha estada por lá. Mas é bem bacana ir nos barzinhos dos becos de Barcelona e pedir uns nachos, bebendo uma "Estrela". Eu recomendo.




Grécia

Aaaah, a Grécia. O país mais apaixonante de todos que visitei. Tive a super sorte de fazer amizade com uma grega gente boa demais, chamada Nadia. Ela me convidou pra passar uns dias na casa dela, em Thessaloniki. Mal cheguei de viagem e o pai dela estava assando milhos no jardim! Coisa mais simpática. Depois fomos pra casa de praia dela, em Halkidiki. Mamãe grega cozinhando é TUDO DE BOM. Peixe frito, macarrão, tudo muuito gostoso. Mas o que eu não esqueço é o queijo Feta (de leite de cabra). Lá eles comem queijo com tudo. E pão também. Pão no jantar, com uns pedaços de queijo. Pão no almoço também, e lá está o queijo. Eles comem muito em cada refeição, e jantam bem tarde. Só não são um bando de balofos porque praticam muito esporte. Essa minha amiga chegou a ser atleta de corrida.
Mas o tal do queijo... sabe queijo fresco, daqueles de fazenda? É tipo isso, só que mais salgado e mais consistente. Não é duro, ele vai derretendo na boca. Ah, só provando mesmo pra ver. Meta de vida é voltar lá e me entupir dessa maravilha.

Quem tiver memórias digestivas dos lugares por onde passou, compartilha aí! Afinal, comida e viagens são duas das melhores coisas da vida!

ps: você pode conferir a entrevista com a Renata Vasconcellos aqui .