terça-feira, 7 de agosto de 2012

July

Chegou aqui em casa em agosto de 1999. A contragosto dos meus pais, mas três filhos pirralhos zunindo na cabeça deles e apaixonados por um floco de pelos cor caramelo os venceram. Chegou acanhada. Na memória, ainda estavam frescos os maus tratos que recebeu na casa anterior, pelo simples fato de fazer xixi. Como se fosse um imenso pecado fazer xixi. E ainda ficava o dia todo presa em um banheiro. Mal sabia ela que, na família com quem viveria a partir de então, xixis jamais seriam  um problema.

Com o tempo, foi ganhando a casa até se tornar dona da situação. Escolheu seus queridos (na ordem: minha mãe, meu pai, eu, meus avós maternos) e pronto: com todo o resto, ela implicava. Até dava algumas mordidas de vez em quando, mas nada grave. Não mordia os pés das visitas, mas era melhor que elas não tentassem passar a mão na sua pelugem macia, que estava ficando branca com o tempo. Era difícil resistir e não espremer suas orelhas. Mas eu mesma o fazia com medo de uma dentada (e sim, doía pra cacete!).

"Vamos passear"? - essa era a frase chave para o início da loucura. Latia loucamente, pulava e saía correndo do sofá da sala pro quarto e de volta pro sofá. De vez em quando, calculava errado o salto, vinha correndo muito rápido e poft, se esburrachava no pé do sofá. Aí fazia cara de quem não entendeu e parava de correr. Se o passeio fosse de carro, ela gostava mais ainda. E colocava o cabeção branco peludo pra fora, tomando um ar, "surfando", como diz meu irmão. Eu ficava observando do retrovisor a carinha de felicidade dela. E ficava, automaticamente, feliz.

Quando saíamos e não podíamos levá-la (o que acontecia com mais frequência devido à sua postura "altamente seletiva", tanto com pessoas quanto com outros animais), ela entendia o "tchau" e ia direto pro quartinho, deitar na caminha e ficar emburrada. Mas aí, chegávamos, e ela só sabia fazer festinha de um em um, abanando o cotoco de rabinho e dando boas vindas, com um olhar tão apaixonado que, algumas (muitas) vezes dei uma de Felícia e espremi ela além da conta, confesso. Devia ser uma tortura ver a July e não poder apertá-la. Meu namorado mesmo nunca foi o maior ídolo da July. Ela latia, rosnava, cheirava ele e depois ficava me vigiando. Eu espremia ela muito, ele só olhando. Não devia ser fácil, porque aquela bola branca de pelos era um convite ao abraço mais gostoso do mundo.

Em alguns finais de semana íamos para a chácara do meu pai. Ela ia junto, claro. Para desespero de todo mundo, a bonita descobriu a represa. Mal descia do carro quando chegávamos, já corria loucamente, em linha reta, em direção à represa. E pulava. Sim, dava um salto digno de medalha olímpica. Entrava ali branca, saía marrom cor de terra. Depois, pra terminar, rolava na terra, literalmente. Minha mãe ia ao delírio!

Lembra da história do xixi? Pois é. Não sei como isso se deu, mas ela passou grande parte da sua vida sem derramar uma gotinha de xixi aqui em casa. Nem o número 2 ela fazia. Claro que, pra isso, passeávamos com ela de 2 a 3 vezes ao dia. Era chegar na grama e fazer xixi. E o número 2. Mas aqui em casa, de jeito nenhum. Às vezes, quando chovia muito, meu pai a levava pra sacada e conversava com ela. "July, meu bem, pode fazer xixi aqui, não tem problema, ninguém vai brigar. Tá chovendo, não dá pra sair". O papo era em vão. Ela ficava lá, com carinha de apertada, mas não fazia de jeito nenhum. Aí lá ia meu pai, de carro e sombrinha, parar em alguma pracinha cheia de lama pra que ela pudesse se aliviar.

Foram inúmeras brigas dentro do elevador, com os demais cachorros do prédio. Só o Billy, cocker spaniel de uma das vizinhas, é que tinha o poder de não irritar a July. Ela entrou no cio, como toda mocinha. Teve que usar calcinha com absorvente, e detestava. Nunca se deu com nenhum tipo de roupa. Ficava sentada no mesmo lugar até que alguém tirasse aquela coisa ridícula dela. Mas não tinha outro jeito. Até então eu não tinha os esclarecimentos que tenho hoje sobre a importância da castração e de que muitos dos filhotes fofinhos vão parar em mãos erradas e são simplesmente abandonados. Ou mau tratados, como ela mesma foi quando nasceu. Pois bem, ela namorou. E teve filhotinhos. Os seres mais bonitinhos que já vi na face desse planeta. Ficou ainda mais brava, para proteger a prole. Não me lembro muito bem, mas sei que ela não ficou feliz quando teve que ver os filhotes embora e passou um tempo emburrada com todo mundo.

Um episódio curioso e engraçado era quando ela voltava tosada do pet shop. Morria de vergonha, acho que se sentia nua, e ia pra debaixo da cama. Nada a tirava de lá. Até pra passear ela ficava acanhada, e ia se esfregando na parede, como que quisesse se esconder dentro dela. Falávamos que ela estava liinda, mas ela não era boba e não acreditava. Um dia, minha mãe trocou todas as camas da casa por camas que não têm um vão embaixo. Agora, a opção dela era se esconder no seu quartinho, emburrada.

Durante meus anos de ensino médio, eu era a única que ficava em casa a tarde. Eu, July e minha tartaruguinha. Aliás, até que fosse estabelecida uma convivência harmônica, July insistia em dar umas patadas básicas na tartaruga, que se enfiava em seu casco e saia deslizando no chão. Depois, ela percebeu que ia ter que dividir o espaço e parou com a graça. Nesse tempo em que passava as tardes sozinha com a July, fomos ficando cada vez mais próximas. Ela foi minha maior (e melhor) companhia, posso afirmar com certeza. Se eu chegava alegre, contava tudo pra ela e ela vibrava comigo (sim, ela pulava em mim e eu a abraçava). Se fosse o contrário, eu dava um cafuné nela, ia pro quarto e ela vinha me seguindo. Eu me deitava triste na cama e ela ficava me olhando com cara de "que foi?". Ah, aquela carinha. Aí eu esquecia o problema e ia lá apertar ela. Era a minha terapia. Foi assim com brigas entre amigas, com a perda de avós, com o término de relacionamentos. Ela sempre esteve ali, do meu lado, me fazendo rir nos piores e nos melhores momentos.

Assistia TV na sala com a gente e pedia carinho. Quando eu era mais nova, me deitava com a cabeça no colo da minha mãe, de bruços, e ela acariciava minhas costas vendo novela. Não preciso dizer que isso não durou muito. Minha mãe, inicialmente, tinha que ficar com uma mão em mim, outra na July, que subia no sofá e arranhava a mão da minha mãe até que ela decidisse coçar a cabecinha dela. Depois de um tempo, não tinha mais espaço pra mim. Mas eu nem achava ruim. Ficava olhando a cara de satisfação dela ao receber o cafuné da mamãe. Impagável.

Às vezes, ela me pedia cafuné também. Eu dava, aí, do nada, ela me mordia. Ficava pê da vida com ela por algumas horas. Mas depois ela ficava beirando, e beirando, como que pedindo desculpas, e lá estava eu, apertando ela de novo (mas esperta pra qualquer reação súbita que ela poderia ter). Aceitamos que ela era bipolar e pronto.

Adorava uma meia suja (quanto mais chulé, mais ela gostava de pegar, morder e ficar vigiando). Trocava qualquer brinquedo por uma meia suja, e sumia com nossos pares de vez em quando. Além de comer meias, comia tudo que déssemos pra ela: de melancia a sopa. Claro que não dávamos essas coisas com frequência, sua alimentação sempre foi baseada em ração, mas de vez em quando não resistíamos aos seus olhares pidões e dávamos um ou outro pedaço de carne. Também adorava uma laranja, desde que a gente a mastigasse primeiro. Sim, eco. Mas ela amava!

Fomos tendo notícias de que os cachorros com quem convivemos foram morrendo. E a July foi ficando, firme e forte na sapatilha. Até que começou com uma tosse estranha. Conversei com um veterinário que me disse que poderia ser um vírus. Acreditamos nele, mas infelizmente ele estava errado. Quando a tosse piorou, e parecia que ela ia vomitar toda vez que começava a tossir, meu pai a levou em uma clínica. Lá, o diagnóstico: coração inchado, sopro no coração e água nos pulmões. Foi um baque. Eu não queria acreditar que aquele serzinho, parte da minha vida há 12 anos, estava chegando perto da morte. Sempre soube que poodles vivem, em média, 10 anos. Ela já estava fazendo "hora extra". Mas não queria acreditar. Mesmo velhinha, ela ainda implicava com as pessoas (ok, bem menos que antes), ainda latia, ainda fazia muita festa quando a gente chegava em casa e ainda era super carinhosa.

Como ela estava tomando diuréticos, teve que aprender a fazer xixi na sacada. E aprendeu. Mas mesmo assim, só na sacada. E já estava começando a se adaptar aos tapetes higiênicos que meu pai comprou. Era uma lady nesse sentido. Mas continuávamos passeando com ela 3 vezes por dia. Agora, um passeio na esquina de baixo já a deixava com falta de ar. Às vezes, a levávamos nos braços, ela fazia as necessidades e voltava nos braços de novo, quando percebíamos que ela estava com dificuldades respiratórias. Um dia, ela passou muito mal depois de uma ida ao pet para tomar banho. Não respirava direito, ficou com a língua bastante roxa, não conseguia andar, parecia muito tonta. Meu pai correu com ela pro veterinário e ela passou a noite no balão de oxigênio. Eu chorei a noite inteira. Queria ter ficado lá com ela.

Depois ela voltou bem. Teve que tomar mais remédios, mas nada demais. Nesse ponto ela já tinha que comer ração para animais cardíacos, que ela não gostava muito. Minha mãe começou a preparar arroz, carne moída e frango pra ela, sem sal. Ela parecia não perceber a diferença de gosto e comia feliz. Eu ia almoçar e já levava o potinho de carne moída sem sal junto, pra ficar dando pra ela, de modo que ela pensava que era a carne do meu prato. E ficava feliz assim.

Ela já não corria pela casa, mal implicava com os cachorros do vizinho e estava muito mais dócil do que de costume. Além de estar cada vez mais próxima de mim. Eu chegava do trabalho e ela era a minha companhia, sempre. Depois meu pai chegava, mas quase sempre saía de novo. Eu ficava trabalhando aqui de casa e ela sempre deitada aos meus pés. Eu parava pra tomar água ou ir ao banheiro, ela vinha junto. E eu finalmente tirava alguns minutos pra brincar com ela. Mas nada de correria pela casa. Ela já não aguentava isso.

Ontem foi o dia em que mudei meu turno no trabalho. Passei a trabalhar fora de casa no período da tarde. Passei a manhã com ela aos meus pés, enquanto eu marcava umas consultas médicas pra mim. Depois, brinquei com ela. Ela estava particularmente fofa, coma barbicha suja. Desde que ela passou mal depois do banho no pet, começamos a dar banho nela aqui em casa. Eu devia ter dado banho nela no fim de semana, mas só me atinei pra isso ontem de manhã. Era um processo demorado. Pra que ela ficasse tranquila, eu (ou minha mãe) entrávamos debaixo do chuveiro junto com ela. Não dávamos banho na pia, porque a água era gelada demais. Tomava banho no chuveiro mesmo. Depois, a secávamos com secador. Era muito pelo, e ela detestava que secássemos seu traseiro.

Eu não dei o banho e ela estava sujinha, mas seu bigode marrom estava um charme. Brinquei muito com ela, apertei suas orelhas. Me arrumei pra ir trabalhar, almocei. Aí demos uma voltinha e ela fez suas necessidades. Voltamos para casa, esquentei sua comidinha sem sal no microondas e ela comeu seu frango, satisfeita. Percebeu que eu ia sair e ficou um pouco emburrada. Mas ainda me deixou dar um beijo em sua testa e apertar suas orelhas gordas e fofas. E eu fui trabalhar. Voltei sete horas e meia depois, quando encontrei meu pai sentado no sofá. A July não veio fazer festinha e nem estava deitada nos pés do meu pai. Algo estava errado. Ela foi a uma consulta de retorno no veterinário, meu pai pediu para que dessem um banho nela. Ele ficou ao lado dela, pra tranquilizá-la, mas ela não resistiu. Começou a passar muito mal, ficou sem ar, semi desmaiada. O veterinário tirou 2 litros de água dos pulmões dela e disse que seu coraçãozinho estava muito ruim. Ela estava sofrendo. Diante da situação, meu pai, quase sem conseguir falar, autorizou que a injeção fosse dada. E ele nunca mais a viu. Voltaram apenas com a sua coleirinha e a devolveram pro meu pai, que chegou em casa, chorou e ficou 4 horas sentado no sofá, esperando que o restante da família chegasse para dar a notícia.

Deixei a July alimentada e feliz pela manhã. De volta do trabalho, à noite, a casa estava mais vazia do que nunca. Já tem 15 horas que eu soube da morte dela e eu não consegui parar de chorar, apesar de ter dormido um pouco. A casa está vazia. Não tem barulho de unhas batendo no piso de madeira. Nem suas tosses doloridas. Nem seu cheiro. Nem sua companhia enquanto estamos deitados na cama ou vendo TV. Não tem mais um pedaço enorme da minha alegria diária.

Dizem que cachorros vivem pouco porque já nascem sabendo amar de um modo que nós, seres humanos, levamos a vida inteira pra aprender. Acredito muito nisso. Se tem algum ser evoluído nessa relação, acho que os animais estão na frente. Eu tenho certeza que nenhum ser humano jamais será tão carinhoso comigo quanto a July foi. Claro que meus pais me amam, meus irmãos e alguns amigos. Mas isso não é demonstrado com atos de carinho todos os dias. Não tem festinha sempre que eu chego em casa. Sem julgamentos, só instinto. Só amor por amor e pronto. Sem falar, só nos atos, eu me sentia a pessoa mais amada do mundo. E a amei muito. O amor da minha vida é uma poodle que me deixou ontem com um buraco enorme no coração. Mas ao mesmo tempo, feliz, porque tive a chance de dar uma vida digna a ela, cercada de cuidados e muito carinho. Foi a troca mais perfeita que tive em toda a minha vida. E a mais simples. Só amor e mais nada.  Dói agora, mas não é nada perto de toda a felicidade que ela me deu nesses 13 anos. Faria tudo exatamente igual. E seria feliz, como fui. E ela seria feliz, como sei que foi.


OBS: Muitos (muitos) cães não têm a mesma sorte que ela teve e aguardam um lar. Quem quiser viver essa experiência maravilhosa deve considerar a adoção. Aqui, aqui , aqui  e aqui existem animais disponíveis, aguardando ter experiências tão bacanas quanto a July teve. Considere a adoção e atenção para a castração. Todos esses animais não são "de rua". Não existem animais de rua, existem donos desatentos que deixam os animais fugirem, procriarem sem controle e depois não sabem o que fazer com os filhotes. Ou pessoas ruins de coração, amargas e podres por dentro que simplesmente abandonam um ser que só quer amar e ser amado em troca. Adoção e castração são muito importantes pra começar a mudar a realidade do abandono. Quem não puder adotar um animal, pode entrar em contato e oferecer ajuda como lar temporário, ou ajudando com rações ou medicamentos, ou transporte de animais resgatados ou mesmo uma quantia mensal em dinheiro, que pode até ser 5 reais, não importa, já ajuda muito. Todos trabalham VOLUNTARIAMENTE, com nenhuma ajuda de custo do governo. A Aspaan conseguiu uma área em Aparecida de Goiânia para seu abrigo, mas não o apoio para construir o abrigo, e precisa de material de construção, mão de obra, etc. Ajude se puder, e eu sei que você pode.


E que minha July esteja em algum lugar bom, e em paz.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Dicas de Porto Alegre

Tenho mais algumas dicas para quem vai passar uma temporada em Porto Alegre. Adorei a capital gaúcha!

1 - Casa de Cultura Mário Quintana

É um prédio frondoso no centro da cidade, mais precisamente na Rua dos Andradas. O Mário Quintana morou no local, que funcionava antes como hotel. Lá tem algumas salas com exposições culturais, teatro, bomboniére, enfim, é uma casa de cultura mesmo. Tem também o jardim do Lutzenberg, grande ambientalista gaúcho. Além de tudo isso, tem o Santo de Casa, café/restaurante que fica no último andar do prédio e tem vista para o Rio Guaíba. Uma parte das mesas fica em uma espécie de terraço, perfeito para um almoço em um dia mais quente, porque venta bastante. Comi um risoto de queijo delicioso! Mas tem também massas, grelhados e saladas no cardápio.


A vista do terraço, com o Guaíba logo ali

Helena (gaúcha, bah!) e Daniel esperando almoço

Abóbada da Casa de Cultura Mário Quintana


Curiosidade: dizem que o Quintana vivia na boêmia e era encontrado com frequência totalmente bêbado, caído nas sarjetas do centro da cidade. Depois ia lá e escrevia poemas, muitos infantis (!!!).

2 - Xis

Continuando na sessão comida, o que mais me chamou a atenção em PoA não foram os famosos churrascos gaúchos. Foram os Xis. Os Xis são sanduíches estilo pit dog, só que gigantes. Até as versões menores, como os petiços, servidos no Pampa Burger (uma das redes que serve os Xis) são gigantes. Um Xis normal ocupa um prato todo e tem que comer com garfo e faca, porque haja boca pra ser na dentada!! É uma refeição completa. Pelo que percebi, os preços variam entre R$9,00 e R$14,00. Dá pra acrescentar batatinhas pagando um pouco mais, mas não tem necessidade de cada um da mesa pedir uma batata. Um só pede e pronto, porque vem muita! E o sanduíche, por si só, já satisfaz bastante.
Conheci o Só Comes, o Pampa Burger e o Cavanhas. O Só Comes e o Pampa Burger são mais arrumadinhos, estilo restaurante/barzinho. O Cavanhas tem mais cara de lanchonete mesmo. E são todos deliciosos. Ah, tem pra vegetarianos no Cavanhas, aí ao invés de carne, vem champignon. No bairro Cidade Baixa tem muitas opções de comidas e bares.

Xis básico!! Esse é do Cavanhas


3 - Parque Farroupilha, mais conhecido como Redenção.

O lugar é enormeee e muito bonito, além de ser o point dos gaúchos aos domingos. Uma das ruas adjacentes é fechada para o que eles chamam de "brique", uma espécie de feirinha com produtos variados, desde antiguidades a roupas e artesanato. Mas o que mais se vê são famílias inteiras brincando no parque, sentadas na grama tomando um sol e tomando chimarrão ou correndo com seus cachorros. Ah, são MUITOS cachorros. Amante desses bichos como eu sou, fiquei encantadíssima (inclusive com os donos, que catam as caquinhas dos bichinhos e jogam no lixo, como deve ser). Cheguei lá e já tinha uma barraquinha da Prefeitura de Porto Alegre, oferecendo animais para adoção. Iniciativa bacanérrima que a prefeitura de Goiânia podia copiar. Mais à frente, uma placa cita lei de 1991, que proíbe comércio de animais no local. Bem diferente do que rola nas feiras do Sol e Lua e adjacências do Flamboyant aqui em Gyn, em que animais são vendidos sem nenhum tipo de controle em relação aos criadores. Lá na Redenção, só adoção! Amei amei!
No domingo em que visitei o parque, fazia um friozinho gostoso de 9 ºC. Achamos um espacinho no sol, colocamos nossas cangas na grama e nos sentamos lá, tomando um chimarrão (que, pra quem não sabe, tem gosto de chá sem açúcar).
Dica: se for almoçar por lá, saia do parque em direção às ruas um pouco mais distantes. Como na praia, os preços vão caindo de acordo com a distância da praça.




Bah, que chimarrão quentinho tchê!


4 - Instituto Iberê Camargo, Santander Cultural e Mercado Central

A dica agora é pra quem pegar um dia chuvoso em PoA. Aconteceu com a gente e deixamos de dar um passeio no Guaíba por isso. Mas fomos perto da prainha do Guaíba, onde fica o Instituto Iberê Camargo. São três andares em um prédio com arquitetura super interessante. Em cada andar, uma exposição de um artista diferente. A entrada é gratuita e, se for de carro, o estacionamento é salgado: R$7,00 a primeira hora.

Vista de uma das janelinhas do Iberê: muita chuva, e o Guaíba

Vista do 2º andar

Quadro da exposição de Ione Saldanha

Criança feliz na exposição

Proibido entrar com chimarrão e mascando chiclete



Também tem o Santander Cultural, no centro da cidade. É um prédio antigo, arquitetura estilo colonial, que funcionava de fato como um banco e virou espaço de teatro, cinema e exposições. Tem umas mostras bacanas de cinema por lá. O preço do ingresso, valor único, é R$5,00. Depois, dá pra tomar um café em uma sala onde já funcionou o cofre do banco. A porta original do cofre ainda foi mantida.

Bem próximo do Santander Cultural tem o mercado central de Porto Alegre. O lugar é enorme, e tem, como em todo mercado central, um monte de comidinhas deliciosas. O de lá tem dois andares, com escada rolante e tudo. O prédio onde ele funciona é um local bem bonito, bem ventilado e distribuído. Gostei por não ser tumultuado. No segundo andar funcionam alguns restaurantes, inclusive um vegetariano.

Ecotelhado em ponto de ônibus próximo ao porto

Centrão de Poa


Ah, pra quem gosta de balada, tem o Beco, uma boate onde sempre rolam dois tipos de festa, uma em cada andar. Fui em uma festa com muita música Indie e rock, tocado pelas mocinhas do "Rock de Calcinha". Tocam muito e a voz da vocalista é de assustar de tão boa! No dia que fui, mulher não pagava! Melhor ainda! Gostei bastante, mas não tirei foto. O site deles é esse aqui ó: http://www.beco203.com.br/capa-beco.php


Curiosidades sobre PoA:
- o transporte público, pelo que usei (em horários de pico, inclusive), me pareceu bastante eficiente. São várias avenidas com corredor exclusivo e os ônibus passam com uma frequência boa. A tarifa é uma das mais caras do país: R$2,85. Mas o serviço é bom, acho que compensa. Ah, uma das empresas que opera é municipal!
- Está perdido na cidade e não sabe qual ônibus pegar? Disque 118 gratuitamente e pergunte a um atendente. É só dizer onde está e pra onde quer ir que eles informam. Tem também o site www.poatransporte.com.br

- Depois do Fantástico, eles têm um "Fantástico" regional, o Teledomingo. Achei interessante. A programação produzida pelas emissoras locais é bem mais diversificada. Acho que por uma questão estrutural.
- Tem um trem que sai do centro de Porto Alegre até Novo Hamburgo, na região metropolitana. Lá é a capital dos calçados, com várias lojas e outlets de grandes marcas. Não fiz o passeio, mas me disseram que a tarifa é menor que a cobrada nos ônibus da capital.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Água de beber

Cá estou em terras gaúchas, com nossos gaudérios queridos, passando uma friaca, como eles mesmos costumam dizer. A temperatura caiu, de um dia para o outro, de 30 para 12 graus, e chove bastante. Coisa com a qual os goianos não têm muito costume, né?
Mas já deu pra fazer bastante coisa em alguns dias, uma delas foi ir ao Água de Beber. Atenção quem gosta de cervejas especiais, a dica é muito boa!
O Água de Beber é um barzinho no centro de Porto Alegre, que consegue ser uma mistura de boteco com pub. A decoração é muito bacana e tem uma carta extensa de cervejas especiais, de vários tipos e países, inclusive as que são exclusivas aqui do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, vendem sanduíches com precinhos bem justos (R$5,00) e outras guloseimas típicas de boteco mesmo, como porção de ovo de codorna (amo!), calabresa, queijos, amendoim, entre outros.
O lema do bar é "beba menos, mas beba melhor". A ideia é de que não compensa beber 20 latinhas se a cerveja não for boa. É melhor comprar menos com esse mesmo dinheiro, mas beber coisas diferentes, de qualidade. Apreciar mesmo a cerveja, como se aprecia um vinho, e não beber pra ficar bêbado e pronto. Fomos pra lá assistir a final da Libertadores, e por incrível que pareça, o local não estava lotado. Nos sentamos no balcão mesmo e conversamos bastante com os donos do bar, dois jovens rapazes que atendem diretamente os clientes. Fernando e Leandro são bem simpáticos e conversam sobre tudo. Alguns outros clientes se sentaram também no balcão e a prosa se deu como se todos já se conhecessem antes. Um ambiente bem leve e tranquilo.  Reparei que alguns clientes velhos da casa já até tomam a liberdade de ir pro outro lado do balão e pegar, eles mesmos, copos e cervejas.
Eu vou confessar que não sou a maior fã de cerveja do mundo, mas beberico aqui e acolá quando são diferentes. A primeira vez que tomei uma cerveja foi em grande estilo, logo na Oktoberfest de 2009, em Munique. Então, não vejo lá muito graça em sentar em um boteco e beber cervejas comuns. E, quando bebo, é pouco. Mas nem por isso vou deixar de dar minha opinião.

A nossa estreia foi com a Abadessa Export 1 litro.


Primeira dica: cuidado com o manuseio da garrafa, que, por sinal, é linda. Ela é retornável e, caso quebre, vai custar R$120,00 ao cliente desafortunado. Mas esse não é o preço dela. Não me lembro bem quanto foi, mas era menos que R$30,00. É uma cerveja que só é vendida no Rio Grande do Sul. Ela tem que se manter resfriada sempre e  sua validade termina em 30 dias, o que dificulta seu transporte para outras regiões do país. Seu gosto é bem suave, bom mesmo para apreciar. Agradou meu paladar de menininha e também o do namorado e do cunhado. Unanimidade. Recomendo bastante.

A segunda foi a Babilônia Red Ale. 



Não sei se tem algo a ver com o fato de eu ter tomado a Abadessa antes, que é bem suave, mas achei a Babilônia Red Ale muito forte. Um gosto meio que "de madeira", se for pra usar uma linguagem bem leiga. Nunca fui de beber Red Ale, nem sei bem do que se trata, mas não agradou meu paladar de menininha. O namorado e o cunhado, no entanto, aprovaram. Digamos que é uma cerveja "de macho", com gosto bem marcante. O rótulo dela não me era estranho, mas não posso afirmar que já a vi para beber em outros lugares.

Pedimos também a Babilônia Pale Ale. Dessa eu gostei mais, mas ainda assim, não caí de amores.

Aí foi a vez de uma cerveja com um nome, no mínimo, inesperado: Green Cow IPA. Isso mesmo, vaca verde, assim como mostra o rótulo.



Não é suave, pelo contrário. Sua principal característica é a alta concentração de lúpulo, o que deixa seu gosto bem forte. Mas é um forte bom. Diferente do que percebi na Babilônia. De algum modo seu "amargor" me agradou, o que em geral não acontece. Gosto das coisas mais docinhas e suaves, mas aprovei a Green Cow. O rótulo dela é trabalho gráfico de amigos dos donos do Água de Beber. E, além da vaquinha, vem os dizeres "de doce, já basta a vida" e "start a revolution, drink better beer", bem de acordo com a proposta do bar. 

Fomos pedindo as cervejas de acordo com as indicações do dono do local. A que eu mais gostei foi a primeira, a Abadessa. Talvez porque ela é suave, ou porque ela é tão boa e "especial" que frustrou minhas expectativas em relação às outras, não sei. Mas é certo que quem gosta de beber cervejas diferentes e vier a Porto Alegre TEM que dar uma passada no Água de Beber. Vale a pena conferir a carta de cervejas, os comes, a decoração, o bom papo do pessoal do bar, enfim, um ambiente bem bacana. E o preço? Justo, como eu disse. Pedimos uma porção de ovinhos de codorna e cada um dos meninos comeu um sanduba. Dividimos a conta e deu R$28,00 pra mim e R$29,00 pra cada um dos meninos. Conta que se paga em bares super comuns, sem graça nenhuma!
Ah, de vez em quando rolam apresentações musicais e também festival de chopp! 
Achei um blog deles, mas não está muito atualizado. Tem  telefone, para mais informações. Eu indico!



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Enfim, férias

"Quem não gosta de férias, bom sujeito não é, é ruim da cabeça, ou doente do pé"... parafraseando a música do Dorival Caymmi, pra ficar mais a minha cara. Também gosto de samba, mas de férias... ah, as férias.
Férias pra mim é a síntese de como a vida, se fosse justa, deveria ser. Deveríamos trabalhar um mês e  ter férias de 11 meses. Claro que isso é inimaginável dentro de uma sociedade organizada do modo que a nossa é, com dependência do dinheiro, venda da força de trabalho etc,  mas que seria digno, ah, seria.
Eu entrei hoje de férias. Ok, muita gente entra de férias em julho. Mas meu caso é diferente porque não são quaisquer férias, são as primeiras férias profissionais. Ai que adulta!
Nada melhor do que o período de faculdade. Eu chegava a ficar 3 meses seguidos de férias: dezembro, janeiro e fevereiro - quando o carnaval caía mais tarde e, para a nossa alegria, tudo emendava. Ainda tinha a pausa de julho.
Vida de universitário é uma delícia! Juro que nunca me entendiava. Podia comer, dormir, dormir, comer por dias a fio, e não reclamava (ao contrário de muita gente que conheço, que fica uma semana de férias e dá pinimba pra fazer algo "obrigatório". Passo longe de ser desse time meio workaholic). Mas aí tem aquela né, se você é universitário e se dedica só a isso, falta grana pra gastar nesses 4 meses de férias por ano. Se você faz estágio, continua faltando grana. Tem quem trabalhe normalmente e faça faculdade junto. Mas esses têm férias de verdade só uma vez por ano, como todo trabalhador comum desse país (menos algumas carreiras do Direito) e o pior, pode ser que as férias não coincidam. Uó.
Eu saí desse mundo de 4 meses de férias por ano, mas sem muita grana, para o mundo do ter seu próprio dinheirinho (inho) no fim do mês, mas ter só um mês de férias. E o pior: eu fiquei um ano e meio sem férias. Sim, desde 2 de janeiro de 2011 estou trabalhando sem férias e sem alguns feriados e fins de semana também. Foi um choque daqueles. Nos últimos três meses, eu sentia que a panelinha de pressão na minha cabeça ia estourar. Terrível. Mas conheço gente que, pulando de um emprego pra outro, está há anos sem tirar férias. Isso teria um impacto muito grande em mim, e juro, poderia estar ganhando rios de dinheiro, mas se fosse pra ficar 2, 3 anos sem férias, não toparia.
Todo mundo precisa de um tempo sem muitas obrigações. De poder deitar no meio da tarde no sofá e ler um livro. De poder dormir até o corpo não aguentar mais (primeira coisa que fiz nessas férias, hehe). Todo mundo tem que poder ir, pelo menos uma vez ao ano, no cinema em horário comercial. E, pra mim, mais importante de tudo, todo mundo tem que poder viajar, seja pra cidade vizinha, pra roça, pra outro Estado, pra outro país. E viajar de verdade, não aquele bate-volta dos fins de semana e feriado.
Eu amo férias porque nelas eu posso viajar muito. Com ou sem muito dinheiro, é só encaixar o tipo de programa ao bolso. Mas mudar de ares, mudar de paisagem, nesse mundo deeeeesse tamanho, para mim é fundamental. É o que eu vou fazer durante o mês todo. Vou reencontrar amigos da época do meu intercâmbio, daqui e de fora do país. Esse tempo todo sem férias serviu para uma coisa: juntar dinheiro para poder viajar quando as férias, enfim, chegassem. É o que dá sentido a toda essa labuta, além de cobrir os gastos do dia a dia.
Vou aproveitar cada segundinho e tentar trazer depois algumas dicas de viagens, de lugares que passei, de coisas bacanas que vi por aí. E se pintar vontade, escrevo durante as férias mesmo. Mas só se pintar vontade: obrigação, nas férias, só de comer e dormir.




sexta-feira, 22 de junho de 2012

João Pessoa, sua linda

Desde que me entendo por gente tenho o sonho de morar na praia. Não sei se é coisa de goiano que vive longe do mar, mas não conheço lugar nenhum do mundo onde eu me sinta mais feliz do que boiando nas ondas do mar, segundos antes de elas se quebrarem. Fico tão feliz que não consigo fazer isso sem um sorriso no rosto.Também poderia passar horas sentada na areia olhando pro mar, é hipnótico. Já fiz isso até o sol cair e foi um dos melhores dias da minha vida.Pois bem, estou grandinha e meu sonho continua firme e forte. Já estou até mexendo uns pauzinhos para isso, e espero que, a médio prazo, eu consiga.

Um dos percalços de realizar esse sonho é que, em geral, morar em cidades litorâneas é caro. Aí eu descobri que nem sempre. Conheci em abril a cidade dos meus sonhos: João Pessoa, Paraíba.
Fica a 2 horas de carro de Natal, 3 horas de Fortaleza, 2 horas de Recife, pouco menos do que isso de Porto de Galinhas. Tanto pro sul quanto pro norte, saindo da cidade, existem praias belíssimas. E, na verdade, nem precisa sair da cidade pra curtir: a praia do Cabo Branco é uma delícia.


Praia de Cabo Branco, em João Pessoa


A cidade não é só praias, claro. Tem ciclovias (só não ando de bike em Gyn por falta delas, morro de medo, mas morro de vontade também); o centro cultural projetado pelo Oscar Niemeyer funciona de verdade, com eventos praticamente diários e gratuitos pra população; uma tapioca gigante que dá pra duas pessoas custa menos de R$10,00 (com refri incluso na conta). Isso na beirinha da praia. Pasmem!

Ciclovia

Imitando estátua no Niemeyer de lá


É tudo bem em conta mesmo. O custo de vida, pelo que percebi (e também me disseram), é semelhante ao de Goiânia, até mais baixo em alguns casos. Imagina uma Goiânia (no quesito preço), só que com praia?
A cidade ainda não é uma metrópole, tem menos de 1 milhão de habitantes, o que eu acho ótimo. Em contraste com o jeito de "cidade do interior", até no domingo o comércio de rua funciona em alguns pontos.Além de tudo, a julgar pelas pessoas que conheci por lá, o povo é bem acolhedor e querido. Fiquei apenas 3 dias, mas foram dias de total encantamento. Se meu sonho de morar na praia se concretizasse, é certo que João Pessoa seria minha primeira escolha.
Enquanto isso, garanto que a cidade vale muito a visita - e merece no mínimo uns 10 dias, pra explorar beeeem a região. Lá tem uns serviços de passeios de van que custam 50 reais, e vai nas praias mais bonitas da região. E a tapioca de camarão com catupiry, ou de carne seca com macaxeira (mandioca pra goianada) valem muuito a pena! Ainda tem o charme do centro da cidade. A parte histórica é LINDA e PRESERVADA. Fiquei admirada de ver as casinhas antigas, todas coloridinhas, sem UMA pichação sequer! Lá tem um hotel antigo, já desativado, que virou um museu. A vista para o Rio Jaguaribe, que desemboca no mar, é perfeita!

Hotel no Centro Histórico de João Pessoa

Vista para o rio Jaguaribe

Sobre as atrações culturais, não deu tempo de conhecer muita coisa, mas soube que existem muitas peças de teatro por lá, com preços bem populares. Shows de artistas brasileiros famosos, de acordo com o relato de moradores de lá, não costumam custar mais de R$30,00!
Praia+preços baixos+cidade bonita= tudo que eu sempre quis.
João Pessoa, sua linda, te vejo no máximo nas férias que vem!

Melhor maneira de passar o dia


Obs: abraço pra Suênia Galvão, que me recebeu super bem por lá e é uma das responsáveis pelo meu olhar apaixonado sobre a cidade.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cadê o amendoim?

Como já se especulava por aí, a Gol Linhas Aéreas começou a cobrar por seus lanches nas aeronaves. Em voo que fiz pela companhia no último final de semana, com destino a Natal (RN), percebi que a mudança pegou muita gente de surpresa. Agora, só um copo de água é de graça. Tenho minhas dúvidas se isso é realmente necessário. Pode até representar uma economia e tanto para a empresa, mas em voos mais longos, acho que é falta de bom senso.
A mudança seria um pouco mais tragável se fossem praticados preços mais honestos. Um sanduíche simples, dividido em duas fatias, custa R$10,00. A lata de refri custa R$5,00. R$15,00 em um lanche que vale, no máximo, a metade disso. É o mesmo desfile de abusos dos aeroportos. Vão justificar que isso é lei de mercado, oferta e procura. Para mim, isso é um péssimo exemplo do "jeitinho brasileiro" de levar vantagem sobre a vulnerabilidade alheia.
Me lembro que uma das últimas coisas que fiz na Alemanha, já no aeroporto de Munique, foi tomar uma cerveja Radler, com um leve gosto de limão. Ela custou o mesmo que custaria em um bar, pouco mais do que custa em um supermercado. Nos demais aeroportos onde passei pela Europa, não me lembro de ter me sentido lesada pelos preços das comidas em nenhum momento.Inclusive, algumas empresas low coast, como a Ryanair (a alegria dos mochileiros), também cobram pelos lanches, mas não me lembro de ter levado muito susto nos trechos que percorri (todos trechos curtos, então nem cheguei a sentir fome).
Aqui no Brasil, tive uma grata surpresa no aeroporto de João Pessoa, na Paraíba, onde estive em abril. Consumi 2 pães de queijo médios e um toddynho e tudo deu menos de R$5,00. Um exemplo raro. Também me sinto feliz em Guarulhos, porque tem Mc Donalds com preços normais (que eu já acho salgado por natureza). Mas, nos demais aeroportos, inclusive  no de Goiânia, a realidade é outra. Me sinto uma idiota quando cogito pagar R$5,00 em uma lata de refri, em uma coxinha fuén (que nem tem catupiry!!) ou mesmo em um simples pão de queijo.Todos sabemos o valor real deles, por vezes menos da metade disso aí.
Eu tinha o costume de me aguentar com o lanchinho do avião - 1 saquinho de amendoim e 1 copinho de refri me bastavam por algumas horas, mas sei que isso é porque eu como pouco. Famintos de plantão que vão voar pela Gol precisam, mais do que nunca, planejar melhor a alimentação antes do voo. Passar em uma padaria, por exemplo, ou almoçar/jantar, dependendo da hora do voo, de forma reforçada.
Se for fazer escala, então, o jeito é preparar o bolso ou acrescentar umas bolachinhas na bagagem de mão. No meu caso, jantei antes de pegar o voo para Natal com conexão em Guarulhos. Saí às 9 da noite de Gyn, a conexão em São Paulo foi rápida e cheguei em Natal por volta de 3h30. Varada de fome, tive que pagar R$4,50 em uma coxinha "de ontem". Até tem um Bobs no aeroporto, mas pelo visto não abre de madrugada.
Sei que as promoções frequentes de passagem podem ajudar a justificar a cobrança do lanche. Mas nada justifica esses preços. Isso não é lei de mercado, é apenas abusar de um momento em que a pessoa não tem escolha. De São Paulo para o Nordeste, por exemplo, você chega uma hora antes no aeroporto, mais o tempo de vôo (3 horas em média), mais o trânsito do aeroporto para o destino final. Isso pode dar até 5 horas, se não houver atraso. Quem sofre de pressão baixa, por exemplo, não consegue e nem pode ficar tanto tempo sem comer, aí não resta outra opção a não ser desembolsar os R$15,00 em um lanche fuén. Espero que isso não seja adotado pelas demais empresas aéreas e, se for, que seja com preços justos. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) também podia fazer algum tipo de controle sobre esses preços abusivos. Se muitos passageiros registrarem a mesma reclamação, pode ser que algo seja feito. Até lá, se vai viajar de avião, forre bem o estômago antes mesmo de sair de casa.




                                            Volta! Volta! Volta! (foto:airlinemeals.net)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Ou é leve, ou não é amor


No dia dos namorados, não vou falar o quanto meu namoro é bom, colocar mil fotos nas redes sociais e fazer um monte de declarações. Nem trocar presentes caros em um jantar mais caro ainda e colocar fotos no Instagram (nem tenho), não faz meu estilo.Nesse dia dos namorados eu vou falar de um erro comum que eu vejo muita gente cometendo, tanto meninas quanto meninos, e que só atrapalha o caminho de quem quer, mas ainda não encontrou uma tampa pra sua panela.

Dia desses me deparei com um texto no facebook que dizia mais ou menos assim: "quem quer, dá um jeito; quem não quer, uma desculpa". Faz sentido. Mas depois da primeira frase, começaram as bizarrices.
O texto era dirigido a meninas, mas cabe pra ambos os sexos. Aí se seguiam pérolas como “se ele quer, não há mãe, não há trabalho, não há futebol com amigos, não há NADA no mundo que o impeça de ver você”. Má ôôôôôôeeee, pensei comigo. Procura-se um namorado, um companheiro pros bons e maus momentos, ou um escravo que viva para te servir?

Um namorado é uma pessoa comum. Tem família, e vai ter que dar atenção a ela. E é bom que dê mesmo, afinal, um dia você poderá se tornar parte do núcleo familiar dele – e vai querer atenção também. Vai ter sim aniversário de tia, tio, primo, afilhado, mãe, pai e irmão. Se você puder acompanhá-lo, ótimo. Se não, vai mesmo encasquetar caso ele queira ir? O que acharia de um cara que reclama do fato de você ajudar sua mãe em casa, ou que achasse ruim se você fosse de vez em quando fazer aquele programa com o seu velho? Eu acharia muita falta de noção.

Um namorado tem trabalho (se for adulto, claro). Você deixaria o seu trabalho pelo seu namorado? Peitaria seu chefe e diria: olha, meu namorado está me esperando, cheio de saudade e amor pra dar, não dá pra esperar dar 18 horas, então eu vou sair mais cedo, ok??  Existe algum sentido nisso? Existe motivo pra achar que o rapaz não te ama ou não quer estar com você só porque, naquele momento, ele está atolado em trabalho? Claro que se as reuniões depois do trabalho ficarem frequentes demais, rola trocar uma ideia pra saber o porquê, mostrar interesse, se inteirar. Mas sem chegar com 20 pedras na mão pensando sempre o pior de quem está ao seu lado. Isso não é saudável. Vai que o bófe, pra provar que te ama muito, larga o emprego e fica full time ao seu dispor, tipo um gigolô? É essa a ideia de “um cara que ama”?

Há futebol com amigos também. E pode ser qualquer outro esporte ou qualquer outra atividade com amigos, como bar, por exemplo. Por que não? Você tem suas amigas, certo? Se não tem, deveria começar a ter. Faz um bem danado pra saúde e pra vida ter outras pessoas no seu convívio que não o seu amor. Além do mais, pense em algo que você gosta MUITO de fazer. A pessoa que te ama, certamente, não vai te torrar o saco porque você quer fazer algo que te deixa feliz, certo? A não ser que seja sair pulando a cerca por aí ou fazendo mal para os outros, não vejo porquê encasquetar. A pessoa que te ama vai ficar feliz em saber que você está fazendo algo prazeroso. E futebol com os amigos é isso. Ou um clube com as amigas. O fato de seu amado ter momentos prazerosos sem você não quer dizer que ele não queira te ter na vida dele. Só quer dizer que a vida dele não é monotemática.

Outras pérolas desses textos que tenho lido por aí: "Quando queremos, de verdade, sempre arrumamos um jeito.Viramos o mundo de ponta cabeça para trocar o plantão, colocamos o chip no celular do amigo quando ficamos sem bateria, pagamos o dobro para pegarmos um táxi e chegar a tempo, atravessamos a cidade para conseguirmos pegar o último ônibus que já estava com o motor ligado, deixamos para trás a festa de aniversário da melhor amiga (má ôôôêê???), pedimos dinheiro emprestado até para quem não gosta da gente." Na boa, eu não faria nada disso (talvez a troca de chip, mas só se fosse caso de vida ou morte)e se meu namorado grilasse com isso, sinceramente, eu ia achá-lo muito mané. Existem contratempos na vida, oras. Não se controla tudo.

Eu nunca consegui entender a lógica de muita gente que pensa que só é amado se for a pessoa mais importante da vida da outra pessoa. Não é bem assim. Como já disse, o ser que você gosta é um ser humano comum. Teve um passado antes de você. Então, tem família, tem amigos, tem histórias, tem gostos, tem hábitos, tem uma individualidade. O fato de ele estar junto de você agora não significa que isso tudo vai sumir e esse ser vai, a partir de agora, fazer tudo o que VOCÊ quiser que ele faça, e com VOCÊ, na hora que VOCÊ determinar. Significa apenas que um vai fazer parte da vida do outro, não SER a vida do outro.
“Mas quando eu amo, eu faço tudo pela pessoa”. Então meu amigo, você não sabe o que é amor. Isso que você acha que é amor se chama “anulação”. E faz um mal danado pra qualquer relacionamento. Você pode estar embevecido de paixão e nem perceber que está deixando todo o restante da sua vida (família, amigos, lazer) de lado. Mas as pessoas ao seu redor estão observando, estão sendo magoadas e, se algo der errado, você vai querer enfiar a cara em um buraco e pedir desculpas para todo mundo.

O amor mesmo é leve. A pessoa tem sim uma importância enorme na sua vida, porque ela a torna mais interessante. Mas seu mundo não vai girar em volta daquela pessoa. Ela será apenas um elemento agregador de bons momentos, de sorrisos. Nessa roda da vida, devem girar também os momentos de lazer a sós ou com amigos, os planos profissionais, a família, o cachorro, os cuidados com a saúde, os estudos. Já imaginou o peso que a pessoa carrega, se você deposita nela e somente nela toda a razão do seu mundo girar? É peso demais. Como dizia Vanessa da Mata, “é demais, é pesado, não há paz”.


O amor mesmo é pacífico. Quer desfrutar de momentos tranqüilos, não quer ser dono nem senhor do outro.  Não quer agora e só serve se for agora. Se precisar esperar o fim de semana, ele espera. Se puder se encontrar só depois da aula do cursinho, ele encontra. Se a conversa tiver que ser resumida no telefone, ela será sem mágoas ou chateações. Se tiver que passar um tempo longe, vai sentir saudade, mas não revolta. Se vir o outro crescer, vai torcer a favor, não contra.

O amor mesmo é tranqüilo, com algumas pitadas de pimenta. O problema é que essa pimenta, para alguns, são brigas, discussões, ciúme, imposições e egos inflados. Isso não é pimenta, isso é problema. Pimenta é um abraço apertado, um olhar indiscreto em hora e local inapropriado, uma mensagem surpresa, uma nova posição, um brinquedinho novo, um aprendizado conjunto. Isso sim dá o tempero. 

Se você busca mesmo alguém que vai fazer o que você quer, do jeito que você quer, na hora que você quer, você quer é um escravo, não um namorado. E escravo, nos tempos da escravidão, era mercadoria, não amor. "Abolicione" da sua vida essa idéia de que seu amor não vai errar nunca, não vai te deixar com saudade jamais e vai sempre atender seus desejos. Porque ninguém quer ser escravo de ninguém e essa ideia é o primeiro passo pra uma enorme frustração.

Nesse dia dos namorados, eu - que estou muito feliz com meu relacionamento- quero reforçar apenas que o amor é leve e faz bem. Tudo o que for o contrário disso, não é amor. Talvez, o que você tanto busca, afinal, não seja o amor - e por isso esteja tão difícil de encontrá-lo.

Pra terminar o post, uma música do meu amigo Octávio Scapin, a música de amor mais bonitinha da cidade. 



Por favor deixe de bobeira

Este amor já é mais que fato

Agora é o teu corpo no meu
Minha língua e a tua, tem-se um trato
Menina, veja na minha testa
O teu nome e a tua figura
Com meus suspiros ai, uis
O prazer é um pouco de tortura
E ainda que acabem os uis
Eu saberei que existe um ar
Que tem teu cheiro de onde nascem os cheiros
Pé de ouvido, nuca
E respira pra viver
Viverá
E verá
Que nós dois desde já
Somos chuchus empanados
Se não for de mãos dadas.






quarta-feira, 6 de junho de 2012

Conexões explícitas



           Notícia publicada na Agência Brasil (pra quem não sabe, é daí que surge a maior parte das notícias reproduzidas pelos veículos, seja TV, Rádio, Impresso ou Internet) mostra os resultados de uma pesquisa realizada pelo Ministério do Meio Ambiente. A pergunta principal era: "você se preocupa com o meio ambiente?" - tema diretamente ligado ao Dia do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho.13% dos entrevistados disseram que sim. Pra mim, na atual "sociedade da informação", onde se tem acesso a informações por todos os lados, esse percentual é muito pequeno. Mas, ainda assim, mostra crescimento. Há seis anos atrás, só 6% das pessoas diziam se preocupar com Meio Ambiente. Estamos caminhando, a passos de tartaruga,  mas caminhando. Outra conclusão que a pesquisa traz é que problemas como saúde/hospitais, violência/criminalidade, desemprego, educação e políticos estão à frente da preocupação com o meio ambiente, e este foi um dos dados que mais me chamou a atenção. Talvez a metodologia da pesquisa não tenha ajudado, não sei, mas o que eu não entendo é como as pessoas podem enxergar essas coisas de modo tão sedimentado, sendo que, em verdade, estão todas bastante interligadas.
Nós criamos uma metodologia que nos ajuda a tentar entender as coisas que nos cercam. Na escola, vemos as matérias como se fossem gavetinhas separadas. Química, física, matemática, biologia, português etc. Depois, na faculdade, a mesma coisa. Um semestre disso, outro daquilo. Aí, na fase adulta, temos duas vidas: a pessoal e a profissional. E assim nos acostumamos a pensar nas coisas como se elas estivessem de fato divididas em compartimentos. Mas elas não estão. A primeira vez que refleti sobre isso foi depois de ler dois livros "As conexões ocultas" e "Teia da Vida", do Fritjof Capra. Se um dia você me pedir a indicação de algum livro interessante que não seja romance, são os que vou indicar. Divisores de água no modo como passei a enxergar a vida.
Capra, que é físico e ambientalista, usa as páginas dos livros para explicar, por "a" mais "b", como está tudo interligado: absolutamente tudo. Se você faz uma burrada aqui, pode saber, ela vai ter consequências acolá. Se briga com seu parceiro/parceira, no dia seguinte você vai agir de modo diferente no trabalho e as pessoas vão perceber. Isso, muito provavelmente, vai afetar também seu rendimento. Se você souber português, suas chances de sair bem em outras matérias cresce, porque você vai saber interpretar melhor o que está tentando aprender. Se você usa uma sacolinha de supermercado por semana, você, sozinho, usou 52 sacolinhas por ano. Parece pouco, mas e se todos os adultos economicamente ativos do mundo fazem o mesmo? O que acontece com todas essas sacolinhas, evaporam? Não. Param, em sua maioria, no mar, isso mesmo, aquele mar longe "do Goiás", com grandes chances de ser engolida por um animal que vai morrer asfixiado por isso. Parece viagem né? Mas não é
Voltando à pesquisa, as pessoas consideram saúde mais importante do que meio ambiente. Pois bem, doenças respiratórias, por exemplo, dependem diretamente do ar que se respira, além das tendências genéticas. Se o ar do seu ambiente não está poluído, então você tende a ficar menos doente. O que fazer para poluir menos o ar? Usar menos o carro, por exemplo, o que impacta também no trânsito, que tem causado um stress danado, que tem causado doenças. É um ciclo.  
Pessoas que vivem em um ambiente saudável tendem a ser mais saudáveis. E a preocupação com o meio ambiente é justamente isso: se preocupar em melhorar a qualidade de vida (de todos, não apenas de nós, humanos), no ambiente em que vivemos. Pessoas mais saudáveis vão menos aos hospitais, que ficarão menos lotados, o que vai possibilitar um atendimento melhor à população. Uma coisa puxa a outra. 
Isso pra resumir em um exemplo, mas também é de assustar o fato de as pessoas não notarem a relação direta da criminalidade e do desemprego com a educação. Todos os fatores citados estão intrinsecamente envolvidos. 
Outro dado da pesquisa é que a maior preocupação no quesito meio ambiente é com as florestas. Sim, é uma causa bem nobre, afinal elas ajudam a regular o ar de todo o planeta (mais uma prova de que está tudo interligado). Mas isso mostra também que as pessoas têm uma visão distorcida de meio ambiente. Acham que meio ambiente é sinônimo de natureza selvagem: animais silvestres, florestas, mosquitos, rios caudalosos. Também é. Mas é mais ainda o ambiente que nos cerca: nossa casa, em primeiro lugar. Nosso condomínio. A rua. Nosso bairro. Nossa cidade. Tudo isso é meio ambiente também, e é onde mais podemos contribuir para diminuir o impacto negativo, visto que é onde vivemos.






Nós não podemos vigiar as moto-serras na Amazônia, mas podemos cobrar da administração pública que arborize a cidade e assim a mantenha. Nós não podemos salvar todas as baleias mas podemos tentar produzir menos lixo, repensando, reutilizando, reciclando. Podemos descartar o lixo no lugar certo pra evitar, além da sujeira e do aspecto porco, que bueiros se obstruam, que ruas se alaguem, que água entre nas casas, que pessoas e animais adoeçam. Nós podemos fazer várias coisas. Algumas exigem mudança de hábito (que eu sei, nem sempre é fácil). Mas outras exigem apenas bom senso, uma dose de pensamento no coletivo e educação.
A conclusão é que, quando as pessoas entenderem que as coisas não são divididas em gavetinhas e que quase tudo que elas priorizam na vida está relacionado a um meio ambiente saudável, então o número de pessoas que "se preocupam com o meio ambiente" vai crescer de maneira mais vertiginosa. 


Não sou uma guru ambiental, um exemplo total de como não causar impacto no ambiente, mas eu pelo menos penso a respeito e tento. Compartilho aqui algumas das coisas que faço:


- Moro em prédio, que tem 2 elevadores e ainda não tem o sistema inteligente, que você aperta o botão e vem só o que está mais próximo. Se no seu prédio também é assim, dê uma olhada antes de apertar o botão e escolha o que está mais próximo. Não precisa apertar os dois. Pode parecer que não faz diferença se só você fizer isso para economizar energia, mas quantas vezes no dia você sobe e desce? E quantas pessoas moram no seu prédio? E se todas fizessem? Comece! 


- Vou a pé para o trabalho. Sou privilegiadíssima por morar relativamente perto. São 20 minutos de caminhada matinal e outros 20 em um sol escaldante na volta (protetor solar e sombrinha ajudam). Poderia fazer o mesmo percurso em 5 minutos, de carro. Mas evito o stress do trânsito, evito pagar estacionamento, me exercito e ainda observo a cidade, um exercício que pode surpreender quem só a observa de dentro do carro. Ah, e é um carro a menos enchendo as ruas e poluindo ainda mais o ar - quem passa pelo centro sente o peso da fumaça dos carros/ônibus nas narinas. É demais.


- No banho: abro chuveiro, me molho, molho o cabelo. Fecho o chuveiro (siiim, até nos dias frios), passo shampoo. Abro o chuveiro, enxáguo. Fecho de novo, passo condicionador, passo sabonete e bucha. Abro o chuveiro e enxáguo tudo de uma vez só. Fim.  Fico 20 minutos no banho mas nem a metade com o chuveiro ligado (e dica pras moças: passar o condicionador primeiro, se ensaboar e enxugar depois faz com que o creme fique mais no cabelo, hidratando-o melhor).


- Máquina de lavar: ela gasta muito mais água do que a lavagem braçal, mas não vou mentir que é uma mão na roda, né? Não precisa deixar de usar, mas a água usada na lavagem das roupas (desde que você não tenha rolado 30 vezes em um campo cheio de lama ou afins) pode ser reutilizada na limpeza de sacadas, do box do banheiro e da privada. Na hora de descartar a água, pegue o cano, direcione para baldes (se prepare, você vai precisar de uns 5 baldes comuns) e voalá: a água estará pronta para reúso.






#ficamdasdicas



segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Vivo me tirou do sério

Vou contar a história de como a Vivo conseguiu me tirar do sério.

Sou cliente pré pago há 10 anos e até então não tinha do que reclamar. Até que, um belo dia, fui olhar meu saldo de créditos e chegou uma mensagem falando de um tal "sando franquia" no valor de 40 reais. Achei estranho e resolvi ligar no teleatendimento deles, o tal do *8486. Era sábado pela manhã e não me atenderam. Então, fui à loja do Goiânia Shopping no sábado a tarde. Lá me informaram que minha conta tinha sido mudada de pré pago para plano controle no dia 10 de janeiro. Detalhe: a alteração foi pedida às 4h30 da manhã. Obviamente, nesse horário, eu estava dormindo, me preparando para trabalhar cedo no dia seguinte, porque eu tenho muito mais o que fazer na vida do que trocar de plano de celular altas horas da madrugada. 
Pois bem, informei que aquilo não foi um pedido meu, pedi que cancelassem o serviço. A moça me perguntou se tinha chegado alguma fatura, eu disse que não. Ela falou que provavelmente chegaria, porque já era 24 de fevereiro. Eu disse que não pagaria, obviamente, porque nem tinha pedido nem usado o serviço. Ela pediu para que eu escrevesse uma carta afirmando isso, e pedindo para cancelarem a fatura.
Recebi a fatura e não paguei. Liguei novamente para a Vivo pra me certificar de que o serviço tinha sido cancelado. Não tinha. Pedi novamente pra cancelarem. Finalmente, em março, cancelaram. 
Mas, é claro, a fatura chegou mais uma vez. Aí no início de maio recebo uma carta dizendo que tenho que pagar 20 reais referentes a uma conta de março (reparem que o que eles me ofereceram era um serviço de 40 reais, e cobraram 20 - isso já mostra a incoerência toda da história). Se eu não pagasse, poderiam enviar meu nome pro SPC. Lá fui eu na loja da Vivo de novo. Pedi uma cópia da carta que escrevi. Pediram prazo de 5 dias úteis. Voltei lá. Pediram mais 10 dias úteis. No dia 16 de maio, mesmo dia que pedi de novo a carta, me disseram pra ligar na Ouvidoria. Liguei, expliquei tudo, abri processo. Me ligariam 5 dias úteis depois explicando o caso. Não ligaram. 
Ligo hoje, dia 04 de junho, pra saber o que diabos tinha acontecido. Me informam que tentaram contato comigo no dia 23 de maio. Posso garantir que não tentaram. Não saí de Goiânia e só recebi ligação da Vivo pra oferecer esses pacotes dos infernos! Ainda assim, o rapaz da ouvidoria me informa que julgaram meu pedido IMPROCEDENTE. Estou indo ali ver se meu nome está no SPC por causa de um erro da Vivo, que mudou meu plano de celular SEM MEU PEDIDO, ou deixou que fizessem isso.
Vou pedir acesso à tal gravação das 4h30 da manhã do dia 10 de janeiro. Eles não gravam tudo? Devem ter gravado isso também. Eu já até cogitei pagar os 20 reais e pronto. Mas é isso mesmo que eles querem: alteram seu plano na calada da madrugada, pra ver se você deixa quieto e paga. Vai que cola? Vai que você é bobo e não reclama? E se reclamar, é só agir como se não tivesse reclamado e pronto! Simples assim. A pessoa vai desistir da dor de cabeça e vai pagar. Multiplique 20 reais por 100 mil, por exemplo. Imagina o quanto eles não ganham com isso? Joguei no Google, não sou a única que reclama da mesma coisa: alteram sua conta sem sua permissão, depois só vem a cobrança. 

SE eu tivesse pedido a mudança, não seria às 4h30 da manhã de um dia útil da semana. SE eu tivesse pedido a mudança, eu teria usado os créditos que eles me "ofereceram". SE eu tivesse pedido a mudança, estaria feliz e com certeza não teria pedido pra cancelar desde fevereiro, quando notei o ocorrido.
Estamos em junho. Até agora nada.


Tenho professores de cursinho que dizem que ADORAM quando a operadora de celular faz uma presepada dessas, porque entram na justiça, ganham a causa e, ao invés da empresa "perder" os 20 que cobraram injustamente do cliente, perde uns 3 ou 2 mil reais, porque têm que indenizá-lo. Então, vamos lá.

Outras reclamações semelhantes: 


Não sou a única.  Tá aí a prova de que a Vivo brinca com a cara dos seus clientes.

Por favor, espalhem isso ao máximo para ver se um dia eles param com essa sacanagem.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pare, olhe, observe

Essa semana o drama do filhote de gatinho que ficou preso dentro de um motor de carro em Rio Verde, interior de Goiás, ficou famoso em todo o Brasil e teve repercussão até mesmo em jornais internacionais. Sem entrar no mérito da discussão se essa repercussão toda faz sentido ou não, essa história, que infelizmente não terminou com um final feliz, deixa uma lição importante.
O dono do carro em questão percebeu que o motor estava com a potência fraca, não estava normal. Então, ele parou o carro e achou o felino lá, entalado. Já pararam pra pensar na dor que o gatinho sentiu? Imaginaram como é estar dentro de um motor? Só de pensar tenho vontade de chorar. Ele ainda aguentou muito. O dono do carro fez o certo ao pegar a peça e correr para o Corpo de Bombeiros, que tiraram o bichano de lá e o encaminharam para atendimento veterinário. Um pedaço do intestino do bichinho foi sugado pelo motor (ai), ele estava desnutrido e, pra piorar, era novinho demais. Acabou não resistindo e morreu - o alento é que, pelo menos, agora ele não deve estar sentindo mais a dor monstruosa que ele sentiu.
Pois bem, a lição a que eu me referi acima é a seguinte: cães e gatos de rua sentem frio. Muitos acham que não, que a pelagem e o couro deles aquece. Pode ser, mas se sabe que não aquece o suficiente, dependendo da temperatura. Tanto é que é MUITO COMUM cães e gatos se abrigarem embaixo de carros, ou em cima de suas rodas ou, como no caso, perto (ou mesmo dentro) do motor. É porque ali está quentinho, e, obviamente, eles não entendem o perigo que isso representa.
Nós, que somos os tais seres pensantes dessa relação, é que temos que ter o cuidado de observar, principalmente em períodos frios, se há algum animal debaixo do carro. O alerta é mais válido ainda pra quem tem costume de estacionar nas ruas. 
Os próprios bombeiros de Rio Verde confirmaram que essa não é a primeira ocorrência que eles atendem envolvendo acidentes com animais que se alojam debaixo de carros. Antes mesmo desse episódio, uma campanha fazendo esse alerta já estava rodando no Facebook, iniciativa bacana de uma seguradora de veículos. 





Então, fica a dica. Dê uma agachadinha e olhe em volta do seu carro antes de dar a partida no motor e sair. Ou então faça bastante barulho para o animal perceber. Esse gesto simples pode ajudar a salvar uma vida que só estava ali em busca de calor - que possivelmente nunca teve a chance de receber das mãos de um ser humano. 

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A arte de não gastar




Tenho fama de pão dura. A verdade é que sou econômica. E é esse meu jeito econômico, herdado da minha mãe, que faz com que eu consiga realizar algumas proezas, mesmo não ganhando muito e sem pedir dinheiro para os meus pais (coisa que não faço desde os 18 anos de idade). Se posso pagar R$3  em algo, por que vou pagar R$5? Essa é sempre a minha lógica. Também não me importo muito com marcas, nem de roupa, nem de acessórios, nem de carro, nem de nada. Tenho até uma certa tendência a achar bobo quem valoriza muito isso, como se a pessoa não se tocasse que aquele preço que ela tá pagando não é pelo produto em si, mas sim pela publicidade envolvida. Eu gosto de ter ou comprar as coisas por sua funcionalidade. Se é carro e tá andando, beleza. Se é relógio e tá marcando as horas, perfeito.
Já atestei que nem sempre preço significa qualidade. Tenho calças que estão há anos (uns 8) no meu guarda roupa e que custaram R$35,00. Não tenho problemas em usar coisas de segunda mão, pelo contrário. Como fui durante anos a mais nova das primas, ganhei  muita coisa usada, mas em bom estado, e adoro!!
Enfim, essa introdução toda é só para contar da minha proeza do último feriado. Aproveitei a tarde de sexta feira de folga e fui  ao cinema com o namorado. Depois, lanchamos um salgado e um suco. Sabe quanto o programa custou? R$5,50. Não, não tá faltando nenhum zero ali. E nem estou falando do início dos anos 2000 (quando ir ao cinema e comer uma promo do McDonalds custava R$10,00, quem lembra?) Foi isso mesmo. Cinco dilmas reais e cinquenta centavos.
Como isso foi possível? Seguinte: assistimos ao filme no Cine Ouro, que pra quem não sabe, tem umas mostras  bem bacanas de cinema "alternativo", ou seja, produções não hollywoodianas, de vários países. Na ocasião, tava rolando uma mostra de cinema africano e o filme, produzido em Burkina Faso, com diálogos em francês, se chamava "Amor, sexo e mobilete". Uma graça. O ingresso de cada um custou R$2,00. Depois da sessão, descemos dois quarteirões e fomos a uma salgaderia na rua 4, perto da esquina da Páginas Antigas. O salgado, de tamanho médio (nem grande, nem pequeno) custa R$0,50. Cada um comeu um americano de salsicha e dividimos o suco de limão, daqueles de máquina, que custa o mesmo que o salgado. Ah, na verdade gastamos R$6,40, porque pagamos 90 cents da área azul pra estacionar no centro. 
No dia anterior, tínhamos ido ao cinema em um shopping. Era feriado. Não pagamos estacionamento porque fomos a pé, eu tinha um ingresso que ganhei em uma promoção e o namorado pagou meia entrada. A meia, sozinha, custou R$9,00. Assistimos "O Corvo", filme também muito bom. A conclusão é de  que nem sempre precisamos fazer as mesmas coisas, ir aos mesmos lugares. Dá para explorar coisas novas gastando pouco. E eu sou dessas que, quando acha uma coisa baratex e bacana, fica toda orgulhosa (o exato oposto de quem ostenta um big relógio de mil reais, por exemplo. Esse tipo de coisa jamais me impressiona).
Só tem uma coisa com a qual eu sou mão aberta: viagens. Na verdade, junto tudo que posso no dia a dia (até moedinhas) para poder viajar em feriados (raros em que não trabalho) e férias. Estou em um desses momentos de juntar para viajar, em julho. Vai ser uma viagem cara, mas vou conseguir pagar tudo sozinha (e, depois de quase dois anos sem férias, eu mereço). É assim que consegui fazer meu intercâmbio, por exemplo. Não deixo de me divertir nem de sair, só tento explorar alternativas mais viáveis e compatíveis com o que eu tenho. Ah, o fato de não ser consumista também é uma mão na roda!! Para quem se interessou, fica a dica: o Cine Ouro, em Goiânia, tem uma programação de cinema e de teatro muito boas!