O deputado federal e
ex-boleiro Romário propôs que a Constituição seja estudada em sala de
aula. Cheguei à mesma conclusão depois de frequentar o preparatório para
concursos. Eu tenho certeza que o país seria outro se as pessoas
conhecessem seus direitos desde pequenas. Isso é imprescindível para que se possa ser um cidadão
pleno. Para questionar ilegalidades óbvias, para se impor. A
Constituição é só o primeiro exemplo. Coisas que as crianças vão
realmente precisar no futuro, independente da carreira que escolherem,
deveriam ser ensinadas nas escolas.
A piadinha rola no Facebook. Eu também nunca a usei, mas porque sou jornalista e
nunca precisei. Quem escolheu outros caminhos pode precisar dela e é bom que
na escola se tenha noção do todo para que se faça uma escolha melhor
embasada da carreira a seguir, mas não pode ser só isso. Educar para a
vida não pode se restringir a educar para o vestibular (ou Enem,
atualmente). E nem estou entrando em mérito de valores, que muitas vezes
perpassam por posicionamento político em sala de aula. Mas é preciso
ensinar na escola o que todos vão usar na vida. Nesse sentido, seguem
outras coisas que acho que as escolas deveriam ensinar:
- Sistema eleitoral brasileiro. O que adianta poder votar ainda no ensino médio sendo que pouco se estuda sobre as funções e responsabildiades de cada um dos cargos eletivos? O funcionamento de partidos políticos também é algo a se tratar - quem sabe assim, alguém questiona essa farra instaurada?
- Conhecimentos bancários. Cedo ou tarde quase todo mundo terá uma conta de banco, seja pra fazer poupança, seja pra receber o salário. E/ou um cartão de crédito. Acho que seria bacana conhecer o básico sobre isso desde pequeno. Talvez pudesse entrar junto com matemática financeira. Quem sabe assim menos gente se embolaria em prestações a perder de vista? Ah, aqui poderia entrar também o tal do Imposto de Renda. Ô coisinha complexa, né?
- Noções de direção e comportamento/legislação de trânsito. As escolas até passam por esses temas, mas esporadicamente, em eventos especiais, e acho que isso deveria ser parte da grade fixa. Mas não só algo voltado para carros: discussão real da mobilidade nos grandes centros urbanos também deveria ser rotina nas escolas.
- Planejamento familiar. Sim, por que não? Nessa parte o governo é totalmente omisso. Me lembro sempre da época em que tentei pautar isso em uma entrevista na rádio em que trabalhei e simplesmente não tinha nenhuma fonte oficial sobre o assunto. Não que fontes oficiais são as únicas credenciadas a falar de algo, mas isso demonstra o quanto o assunto é tabu e é ignorado. Aí tem adultos que não dão conta nem de si mesmos e acabam tendo filhos mesmo assim, o que gera uma série de questões como abortos clandestinos, abandono de menores etc. Parece que o que reina é a mentalidade "tenha filhos, quantos quiser e puder, é natural". Sim, é natural, mas é preciso, pelo menos, fazer se pensar sobre o assunto e as responsabilidades que a maternidade/paternidade trazem. É uma criança, afinal, não um brinquedo.
- Programação/Informática. Minha gente, tudo é online hoje em dia, não adianta negar. Quisera eu ter aprendido na escola o básico sobre isso. Minhas aulas de informática se resumiam a joguinhos em CDs ROM. Sim, sou desse tempo. E eu acho que saber sobre programação não é algo que só programadores ou engenheiros da computação deveriam saber. Todo mundo usa a rede, noções básicas de seu funcionamento são essenciais.