segunda-feira, 18 de junho de 2012

Cadê o amendoim?

Como já se especulava por aí, a Gol Linhas Aéreas começou a cobrar por seus lanches nas aeronaves. Em voo que fiz pela companhia no último final de semana, com destino a Natal (RN), percebi que a mudança pegou muita gente de surpresa. Agora, só um copo de água é de graça. Tenho minhas dúvidas se isso é realmente necessário. Pode até representar uma economia e tanto para a empresa, mas em voos mais longos, acho que é falta de bom senso.
A mudança seria um pouco mais tragável se fossem praticados preços mais honestos. Um sanduíche simples, dividido em duas fatias, custa R$10,00. A lata de refri custa R$5,00. R$15,00 em um lanche que vale, no máximo, a metade disso. É o mesmo desfile de abusos dos aeroportos. Vão justificar que isso é lei de mercado, oferta e procura. Para mim, isso é um péssimo exemplo do "jeitinho brasileiro" de levar vantagem sobre a vulnerabilidade alheia.
Me lembro que uma das últimas coisas que fiz na Alemanha, já no aeroporto de Munique, foi tomar uma cerveja Radler, com um leve gosto de limão. Ela custou o mesmo que custaria em um bar, pouco mais do que custa em um supermercado. Nos demais aeroportos onde passei pela Europa, não me lembro de ter me sentido lesada pelos preços das comidas em nenhum momento.Inclusive, algumas empresas low coast, como a Ryanair (a alegria dos mochileiros), também cobram pelos lanches, mas não me lembro de ter levado muito susto nos trechos que percorri (todos trechos curtos, então nem cheguei a sentir fome).
Aqui no Brasil, tive uma grata surpresa no aeroporto de João Pessoa, na Paraíba, onde estive em abril. Consumi 2 pães de queijo médios e um toddynho e tudo deu menos de R$5,00. Um exemplo raro. Também me sinto feliz em Guarulhos, porque tem Mc Donalds com preços normais (que eu já acho salgado por natureza). Mas, nos demais aeroportos, inclusive  no de Goiânia, a realidade é outra. Me sinto uma idiota quando cogito pagar R$5,00 em uma lata de refri, em uma coxinha fuén (que nem tem catupiry!!) ou mesmo em um simples pão de queijo.Todos sabemos o valor real deles, por vezes menos da metade disso aí.
Eu tinha o costume de me aguentar com o lanchinho do avião - 1 saquinho de amendoim e 1 copinho de refri me bastavam por algumas horas, mas sei que isso é porque eu como pouco. Famintos de plantão que vão voar pela Gol precisam, mais do que nunca, planejar melhor a alimentação antes do voo. Passar em uma padaria, por exemplo, ou almoçar/jantar, dependendo da hora do voo, de forma reforçada.
Se for fazer escala, então, o jeito é preparar o bolso ou acrescentar umas bolachinhas na bagagem de mão. No meu caso, jantei antes de pegar o voo para Natal com conexão em Guarulhos. Saí às 9 da noite de Gyn, a conexão em São Paulo foi rápida e cheguei em Natal por volta de 3h30. Varada de fome, tive que pagar R$4,50 em uma coxinha "de ontem". Até tem um Bobs no aeroporto, mas pelo visto não abre de madrugada.
Sei que as promoções frequentes de passagem podem ajudar a justificar a cobrança do lanche. Mas nada justifica esses preços. Isso não é lei de mercado, é apenas abusar de um momento em que a pessoa não tem escolha. De São Paulo para o Nordeste, por exemplo, você chega uma hora antes no aeroporto, mais o tempo de vôo (3 horas em média), mais o trânsito do aeroporto para o destino final. Isso pode dar até 5 horas, se não houver atraso. Quem sofre de pressão baixa, por exemplo, não consegue e nem pode ficar tanto tempo sem comer, aí não resta outra opção a não ser desembolsar os R$15,00 em um lanche fuén. Espero que isso não seja adotado pelas demais empresas aéreas e, se for, que seja com preços justos. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) também podia fazer algum tipo de controle sobre esses preços abusivos. Se muitos passageiros registrarem a mesma reclamação, pode ser que algo seja feito. Até lá, se vai viajar de avião, forre bem o estômago antes mesmo de sair de casa.




                                            Volta! Volta! Volta! (foto:airlinemeals.net)

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