domingo, 10 de janeiro de 2010

Liverpool



Durante o percurso de trem rumo à Liverpool, a empolgacao era latente. 'Cara, a cidade dos Beatles!! Eu estou indo pra láá!!' Era tudo que eu conseguia pensar. Trocamos de trem uma vez, em Crewe, umas 5 estacoes antes de chegar em Liverpool de fato. A penúltima estacao era a do aeroporto, que se chama John Lennon! Haha, adorei! Chegando lá, fiquei meio surpresa. Na estacao da Lime Street nao tem nenhuma referência aos Beatles. Tinham sim uns pinguins grandes e coloridos, que chamaram bastante a atencao logo de cara.
De acordo com as coordenadas que nosso anfitriao Ray, o marinheiro, tinha nos dado, a casa dele nao era muito longe. Mas já era de noite, estávamos cansados de andar com mochilao nas costas e pegamos um táxi. Primeira ótima surpresa de Liverpool: andar de taxi é MUITO barato. A corrida deu 5 pounds e uns centavos, menos de 2 pounds pra cada, o mesmo preco do ônibus!
Como era a primeira vez que eu andava de carro na Inglaterra sem dormir (na volta do reveillon pegamos um taxi, mas eu estava tao quebrada que nem vi nada), reparei no quao a tal da mao inglesa é estranha. No ônibus você nao percebe muito, mas nos carros, a diferenca é gritante. Jamais ia conseguir dirigir na Inglaterra!

Ray, o marinheiro

Chegamos à Marmeduke Street, 14. O flat do Ray era o 2°. Interfonamos, subimos as escadas, e demos de cara com o filho dele, o Daniel (ênfase no nome). Entramos em um flat relativamente pequeno, com muitas coisas espalhadas por todos os lugares, até chegarmos na cozinha. Ali, uma jovem conversava com um senhor de barba e cabelos brancos, com um estilao à lá Papai Noel. Era o Ray, que nos recebeu muito bem. A jovem era a Vero, uma espanhola que nao fala inglês muito bem e também estava 'couchsurfiando' por ali.

Ray e Vero


A cozinha era uma bagunca imensa, como vocês podem observar. O braco dele estava quebrado. Deixamos nossas coisas em um quartinho frio, com um colchao grande e uma pilha de lencóis, almofadas e afins. Fomos pra cozinha fazer o social e conhecer um pouco mais do cara que tinha aberto as portas da casa pra gente. Logo o Daniel foi embora e ficamos só eu, Carlos, Octávio, o Ray e a Vero. Tivemos uma prosa agradável. O Ray afirmou que queria nos receber com um jantar, mas que por causa do braco, quebrado em uma queda no gelo (pelo que eu entendi) nao tinha como. Ele contou um pouco sobre as experiências dele como marinheiro, falamos um pouco sobre nós, mas a conversa nao durou até muito tarde: estávamos cansados.

Detalhe na janela da cozinha, uma foto da mae do Ray, que lembra minha saudosa avó Alice

A Vero comentou que iria no museu dos Beatles na manha seguinte, e logicamente já nos incluí no passeio. Tomei um banho e fui me deitar em um saco de dormir, recheado com algumas almofadas e um edredom bem quentinho, mas meio empoeirado. Todos dormimos no mesmo quarto, porque a Vero, que iria embora no outro dia, estava dormindo no outro.

Frio, Beatles Story e Cavern Club

O dia 3 nao comecou bem. Quer dizer, pra mim sim, mas pros meninos nao. Eu nem imaginava que eles, sem um edredom mais gordo, tinham passado muito frio a noite, muito mesmo, porque o aquecedor do Ray desliga automaticamente de meia noita às 7. Me senti até mal por ter dormido toda quentinha enquanto os meninos congelavam. Ficou um clima meio paia. Demos bom dia pro Ray, nos arrumamos e fomos com a Vero andar pela cidade. Liverpool é linda. É claro que os Beatles sao a principal referência do local, mas andando pelas ruas nao é fácil notar a influência deles. É uma cidade que tem vida à parte da Beatlemania. E é uma cidade com defeitos também. Lixo nas ruas, carros estacionados em lugares indevidos.. de alguma forma, eu estava sentindo um pouco a falta da desordem das cidades. Parece que na Europa é tudo tao certinho (principalmente na Alemanha) que chega cansa. Liverpool nao. Liverpool é uma cidade simples, com todo o charme que uma cidade simples pode ter.

A caminho do centro de Liverpool

Passamos pela Universidade de Liverpool, encontramos um Tesco e comemos por ali, passamos pela catedral, até chegarmos no centrao.

Um panorama de Liverpool, onde é possível enxergar a Catedral

Ali vimos mais alguns pinguins coloridos, que comecavam a despertar nossa real curiosidade.


Vimos também o prédio do Museu de Artes, cuja entrada é gratuita.


Passamos do lado da Lime Street Station, de onde tinhamos chegado ontem, e seguimos rumo ao Albert Dock, onde, enfim, encontraríamos o museu dos Beatles, o Beatles Story.

Domingo de manha, Liverpool vazia e linda

A caminho do Albert Dock

Mas antes de encontrarmos o museu, encontramos o Liverpool Eye, uma espécie de London Eye miniatura, uma roda gigante que dá pra ver a cidade toda de cima.


Liverpol Eye

Encontramos também o próprio Albert Dock em si, um lugar fantástico, ainda mais com o sol brilhando em Liverpool (só brilhando mesmo, porque esquentando...).







Carlao, como bom fotógrafo que é, sacou a luz favorecendo e deu nisso: a foto que entrou pro hall dos meus retratos favoritos.


E mais pinguins. Parei pra analisá-los direito e tirar foto: faziam parte de uma exposicao chamada 'Go Penguins', que fica até hoje (10 de Janeiro) exposta nas ruas de Liverpool. Uma referência ao inverno e também um alerta aos riscos que os pinguins correm por causa do aquecimento global.

3 pinguins



Nao, Liverpool definitivamente nao é 'só' a cidade dos Beatles (como se esse fato já nao fosse o bastante para torná-la singular). Liverpool é isso e muito mais. Liverpool tem uma identidade própria para além dos Beatles, e eu gostei muito dessa constatacao!
Aí chegamos na Beatles Story.

Entrada do Beatles Story


Já ao som de Beatles, claro. Já arrepiei. Pagamos 8, 50 pounds por sermos estudantes, incluso o áudio guide em inglês. Comprei um livrinho por 1 pound sobre o Beatles Story, em alemao. E entrei no mundo encantado dos Beatles.


O museu conta a tragetória dos rapazes desde o início, quando nasceram (sao chamados de criancas da guerra, por terem nascido justamente no fim da 2a Guerra Mundial, em uma Liverpool fortemente bombardeada), como se conheceram (a maioria na escola), qual foi o primeiro nome da banda (The Quarrymen), como o nome mudou pra The Beatles, onde tocaram primeiro (Casbah), onde tocaram mais de 250 vezes (no imortalizado Cavern Club), o primeiro show internacional (em Hamburg, na Alemanha), os 'naos' que receberam de gravadoras e agentes, o vendedor de discos que percebeu o sucesso crescente dos rapazes e tornou seu agente (Brian Epstein), a vida pessoal e amorosa de cada um deles, a saída nao muito esclarecida do Pete Best pra entrada do Ringo... Tem salas temáticas, como uma que reproduz o Yellow Submarine, uma que faz referência à capa do CD Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, uma parede sobre o Magic Bus... Uma pequena galeria:

Fotos e documentos de quando os rapazes nasceram, no pós 2a Guerra Mundial




Primeira guitarra do George Harrison
Ainda bem que eles tinham talento, porque se fosse depender da beleza, tava tenso..

Primeiro show internacional, em Hamburgo, aqui na Alemanha

Sala temática do Yellow Submarine

Sala temática do Sgt. Peppers

Aí chega na fase triste da coisa, que é quando eles se separam. E depois, uma sala dividida em 4 ambientes, um pra cada integrante, que fala um pouco especificamente sobre cada um deles. O Paul e seu amor pela Linda.


O John e seu jeito pacifista, junto com a Yoko (da qual eu nao sou lá muito fa), o George e sua simplicidade, afirmando que na verdade o que ele é mesmo é jardineiro (amei) e o Ringo, que confesso, nao consigo me lembrar de muita coisa a respeito, só de que ele foi um dos poucos que afirmou abertamente que nao queria o fim da banda.
Nas paredes, a forca da influência dos Beatles em outros músicos, expostas em mensagens do Noel, do Oasis (sou fa demais dele!), da tia do Kurt Kobain e etcs.


Depois, uma sala dedicada ao Jhon e a uma das poesias mais bonitas que já li (e ouvi) na vida. Imagine. Uma sala toda branca, um piano, fotos e mensagens nas paredes. Tocante.


Aí o museu acaba com uma sala infantil, com joguinhos interativos muito bacanas. Queria ter 10 anos pra poder brincar no piano gigante!



E a parte tensa da coisa toda: a lojinha do museu! Logicamente, queria levar tudo pra casa. Logicamente, era tudo MUITO caro. Um chaveirinho de nada 3 pounds. Tinha uma camiseta feminina linda, preta, de manga longa e capuz, com o símbolo do Cavern Club. 22 pounds. As bolsas.. os pôsteres, os bottons, as carteiras, até meias!! Queria tudo, mas e o dinheiro? Malditos pounds caros! haha. Vou ter que voltar lá rica MESMO. É quase torturante. haha.
Os meninos encontraram uma amiga que eles tinham conhecido em Amsterdam, ali, por acaso., junto com uma outra amiga. Aliás, o que mais tinha no museu eram brasileiros. Na lojinha, principalmente. Todo mundo contando os pounds, multiplicando por 3 (pra ver quanto dá em real) e com cara de agonia. Estavamos varados de fome, e fomos procurar alguma coisa pra comer. Já era tarde, os restaurantes por perto já nao serviam mais almoco. O tempo passa dentro do museu e você simplesmente NAO VÊ! Acabamos comendo no salvador dos estudantes pobres da Inglaterra: o Mc Donalds (do qual eu nem gosto muito, mas né? necessidade faz sapo pular).
Caiu a noite. Saímos do Mc, os meninos compraram um edredom cada na Primark (nao se arriscariam a congelar novamente a noite) e fomos pra Mathew Street, a rua do Cavern Club.

Mathew Street, a rua do Cavern Club



Parede da Fama de Liverpool

Na verdade, o atual Cavern Club nao é o original. O original foi demolido. Mas ele foi reconstruído tal e qual, e muitas bandas famosas já tocaram por ali depois disso, como Oasis, Arctic Monkeys, The Who, Queens, o próprio Paul...

Entrada do Cavern Club

A emocao de descer aquelas escadas até chegar no porao aonde o Cavern fica é inexplicável.

Cavern Club, Liverpool

Nas paredes, nomes de pessoas de todos os lugares do mundo que já se divertiram por ali (e eu sem uma caneta adequada, nao pude assinar o meu, scheiße). No palco, um homem cantando Beatles (logicamente). Surpreendentemente o lugar nao estava cheio, e, por ser ainda cedo, nao pagamos pra entrar. Nos sentamos e ficamos ali, babando, achando tudo aquilo o máximo dos máximos.
Até que o músico pára e pergunta se tem gente de outros países ali, e de quais. Gritamos 'Brasiiiiil'. Ele ficou todo entusiasmado e disse que sabia tocar uma música brasileira, e comecou a tocar Garota de Ipanema. Parou e perguntou se nenhum de nós queria cantar com ele. E é lógico, a gente empurrou o Octávio pro palco! O cara cantou e tocou 'Girl from Ipanema', a versao em inglês, e na segunda parte, ele tocou e o Octávio tomou conta dos microfones do Cavern Club. Eu achei que eu ia explodir de emocao! Meu amigo cantando no palco do Cavern Club! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deeeeus! Ficamos todos num estado de êxtase inenarrável! Achei que eu ia ter um troco de orgulho! Nem consigo imaginar o tamanho da emocao que o Octávio sentiu cantando Garota de Ipanema ali! E foi muuito aplaudido no final! Aaaaah, encho a boca mesmo pra dizer que tenho um amigo ue já cantou no palco do Cavern Club! Foi mágico. (Fizemos um vídeo, mas demorou uma eternidade pra baixar, e ainda assim, nao cnsegui postá-lo aqui, mas ainda hei de conseguir!)
Acompanhamos o restante do show do cara. Depois, o show de um rapazinho muito bonito e que cantava e tocava muito bem. E depois o show de um cara meio loucao, que além de Beatles tocou também Oasis e Snow Patrol. Ficamos umas 5 horas ali, que pareceram 30 minutos. Cocei os dedos pra comprar uma camiseta do lugar, o CD triplo com as músicas tocadas por várias bandas que já tocaram por ali... aaaaaaaaaah. Ir pra Liverpool é bom demais, mas ir com grana pra torrar deve ser muito melhor, haha. Nem tudo pode ser perfeito, né?

Em um dos intervalos, de frente pro palco



Saímos do Cavern Club, entramos no Cavern Pub, uma espécie de 'irmao' do Club, mas bem mais sem graca, e nao tinha lugar pra sentar. Entao fomos a um restaurante/bar/cassino fazer hora enquanto o ônibus das meninas de volta a Londres nao saía. Depois de nos despedirmos delas, comemos no KFC um frango bem gorduroso (famoso entope-veia), pegamos um taxi, pagamos 4 pounds e fomos dormir felizes, emocionados e devidamente aquecidos. De alguma forma ou de outra, eu já sabia: aquele seria o dia mais divertido da minha viagem, um dia que eu vou me lembrar pra sempre, apesar da minha memória fraca. Histórico.

Fab4D, The White Feather e Ray

Dormimos no quarto da Vero, que tinha ido embora enquanto a gente ainda estava no museu dos Beatles, no dia anterior. Dessa vez, todos devidamente aquecidos. Combinamos que daríamos mais atencao pro Ray, porque no dia anterior ele tinha ficado o tempo todo sozinho enquanto estávamos fora. Eu acordei e fui conversar com ele. Contei da nossa experiência no dia anterior, conversamos sobre o que eu planejo pro meu futuro, e ele, demonstrando seu caráter extremamente bondoso e meio socialista (no sentido de querer que todos tenham boas oportunidades, contra essa lei do cada um por si e do consumismo exacerbado), pediu pra que eu mantenha sempre os meus ideias e nao me venda, como jornalista, aos interesses de outros. Que eu nao perca meu idealismo, meu compromisso com o direito do cidadao de realmente tornar as coisas públicas, independente de quem isso vai atingir. Refleti muito sobre isso, concluindo que realmente nao é uma tarefa fácil, mas eu espero que consiga cumprí-la. Aí ele pediu pra fazermos compras pra ele. Fomos no Tesco da esquina (eu disse que brota que nem praga), mas antes ele afirmou que nao gosta desse monopólio todo, que adorava fazer compras em mercadinhos de familia, mas que agora eles sao cada vez mais raros. E percebi claramente essa tendência mundial mesmo de monopólios, como ele mesmo diz, totalmente o contrário do que prega o capitalismo: a livre concorrência, que, a partir do estabelecimento de monopólios, deixa de existir. Nao quero entrar em debates ideológicos aqui, só queria expressar o quanto as conversas com o Ray foram interessantes e abrangentes. Na lista de compras, um whisky Bells grande, que ele tomou todo, com ajuda de uma golada do Octávio, em um dia só. 'É o meu remédio que me mata aos poucos', ele explicou, rindo. Ele estava triste por causa do braco quebrado, e eu fiquei triste por ele: nao deve ser legal ter os movimentos limitados e morar sozinho. Ele ficava o dia todo sentado na mesa, bebendo e lendo. Na ocasiao, ele relia 'O admirável mundo novo', na versao original em inglês, que depois ele deu pro Octávio. A casa dele era cheia de livros, muitos livros, do Kamasutra completo a dicionários das mais variadas línguas e livros sobre milhares de países e guerras. Um cara simples, mas muito viajado (pela experiência como marinheiro) e muito, muito inteligente. Eu o adorei!
Voltamos do supermercado, comemos nossas saladas que compramos pro almoco e fomos ao FAB4D, que nem sabíamos o que era, mas sabíamos que tinha a ver com os Beatles e que nossos tickets do museu de ontem valiam também para essa atracao, assim como para uma exposicao do John Lennon, chamada The White Feather.
Chegamos no local indicado pelo mapa. Na beira do cais. Um lugar maravilhoso, um pouco à direita do Albert Dock.

Mais uma lojinha dos Beatles e de Liverpool. Escadas nas quais, em cada degrau, figurava o nome de uma música dos Beatles.


Outra loja dos Beatles no andar de cima, assim como de coisas relacionadas ao time de futebol do Liverpool. Mostramos os nossos tickets comprados no dia anterior (esse tour todo dos Beatles é MUITO barato) e entramos na 'White Feather: the spirit of Lennon' , que na verdade nem sabíamos que ficava ali mesmo. A exposicao ia até o dia 31 de Dezembro, mas ainda bem que foi extendida. Ela conta a vida do John Lennon, narrada pela sua primeira esposa, Cynthia Powell e seu filho, Julian. Infelizmente, nada de fotos na exposicao. Enquanto eu via uma breve entrevista da Cynthia, uma simpática mocinha chegou perguntando se já tinhamos visto a Fab4D, e caso nao, pediu para que a seguíssemos. Fomos. Entramos em uma sala de projecao, com nossos óculos 3D no rosto. Tomamos lugares bem centrais e comecou um filme de animacao muuito bacaninha. Eu nao vou contar detalhes da historinha do filme, só sei que é legal demais, e, é claro, tem relacao direta com os Beatles e suas músicas. E o 4D é porque as poltronas se mexem, a gente leva água na cara, sentimos perninhas de lula pegando nos nossos pés e tudo mais. Muito legal, pena que nao dura muito.
Voltamos pra White Feather, que conta em detalhes a vida do John Lennon, com exposicao também de objetos pessoais. Uma das coisas que mais achei legal foi o apoio que o Paul deu pra Cynthia e pro Julian quando o John anunciou que tinha se envolvido amorosamente com a Yoko. Passei a admirar ainda mais o Paul por isso. E tomei uma antipatia enorme pela Yoko. Haha.
Eu sabia que o John tinha sido assassinado em 1980, mas nao sabia que tinha sido por um fa para o qual ele tinha acabado de autografar um CD. Tenso.
A exposicao se chama White Feather porque uma vez ele deu uma pena branca ao Julian, seu filho, dizendo que aquele era o símbolo da esperanca pela paz.
No fim da exposicao, uma árvore cheia de cartoezinhos coloridos, e um convite: deixe aqui sua mensagem de paz. Escrevi 'Dê uma chance à paz', a célebre frase do John, em português, com traducao em baixo. Saindo da exposicao, dei de cara com um pôr do sol fantástico sobre as águas, e, mais uma vez, parei pra refletir e concluir: sou uma menina muito abencoada.
Comprei umas coisinhas que estava adiando, mas que precisava mesmo comprar. Antes de deixarmos o prédio, reparamos nos pinguins em forma de Beatles na Abbey Road: posso levar pra casa?


O Carlos estava um tanto doente, e decidimos entao voltar, pra casa arrumar nossas coisas, prosiar com o Ray e tomar nosso rumo de volta a Londres no dia seguinte.
A noite, fizemos (opa, verbo errado, eu só comi mesmo) um macarrao com molho muito bom, com bambu. O Ray filosofou sobre as mil e uma utilidades do bambu, sobre sexo, sobre a diferenca das mulheres de cada porto, sobre a vida em geral, sobre tudo. Contou piadas muito engracadas e debateu também temas sérios. O Ray é um figuraca!

Carlos, Octávio, eu e Ray jantando e falando sobre tudo

Fomos dormir ainda com esperancas de acordar cedo no outro dia e fazer um passeio de barco em Liverpool, mas na manha seguinte estava nevando (bastante por sinal) e decidimos dormi um pouco mais. Acordamos, arrumamos nossas coisas, comemos. Ainda conversei mais um tempo com o Ray, que avisou que, por causa da neve, alguns trens e voôs nao estavam saindo. Ficamos meio alarmados, mas pensando positivo.
Me despedi dele com um aperto no peito. Pegamos um taxi, e, no meio do caminho, ele liga avisando que eu esqueci minha carteira e minhas passagens de aviao de volta a Munique. Isso Ana, parabéns. Voltamos lá, peguei, me despedi dele de novo com um aperto no peito maior ainda, e finalmente seguimos em direcao à estacao de Lime Street. O tempo era mesmo outro. Tivemos muita sorte porque os dois dias que passamos em Liverpool foram lindos, com um céu aberto e um solzao radiante. Neve, só na hora de ir embora. O taxista era muito simpático, e mereceu um chaveirinho da camisa da selecao brasileira, que os meninos deram. Apesar da volta que ele teve que dar, ele cobrou só 4 pounds. Taxi é mesmo muito barato em Liverpool. Chegamos na estacao e eu estava um tanto estressada. Eu nao sabia bem porque, mas estava. Tivemos probleminhas pra comprar tickets, porque a coisa é meio confusa. Você compra ticket de uma companhia de trem com uma moca que usa uniforme de uma outra companhia. Meio estranho. Mas deu tudo certo, tirando o fato que demos rata e pagamos 22 pounds a mais. Se tivessemos comprado em Londres ticket de ida e volta, que dura 1 mês, teriamos pago 24 pounds. Mas compramos só ida single, e depois só volta single... Agora eu aprendi: na Inglaterra, compre SEMPRE ticket de ida e volta. 1 pound a mais. Pegamos o trem rumo a Londres, deixando pra trás a linda, mágica e muito bacana Liverpool!

3 comentários:

Daniel Mundim disse...

Se arrepio só de ver essas fotos e a sua narrativa, não consigo dimensionar como seria ver td isso... é mt emoção! Uma certeza eu tenho, vc merece td isto q está vivendo. E quanto aos Beatles... bem, o George resumiu td na frase inicial!

Gabi disse...

Já que eu nem gosto muito de rock, nem preciso dizer que minha parte preferida dessa história foi o Ray né!!

paula repezza disse...

Aiai, quase morri de vontade de comprar a passagem no cartão de crédito e ir direto para Liverpool fazer tudo que vc fez! A cidade da minha banda preferida, um paraíso. Que lindo, que sorte a sua :D